ÍNDICE
DEFINIÇÃO DE IDADE MÉDIA
A Idade Média comumente dura, nos livros de História, da queda do Império Romano do Ocidente, no ano 476, até a conquista de Constantinopla (atual Istambul, Turquia) pelos turcos, em 1453. Alguns historiadores usam outros eventos como marco – por exemplo, a descoberta da América, por Cristóvão Colombo, em 1492. Como se pode deduzir, na prática a Idade Média não começa “de um dia para o outro” e também não acaba assim. De uma maneira geral, portanto, pode-se dizer que a Idade Média dura aproximadamente mil anos, indo do início do século 6 até o final do século 15.
O período anterior à Idade Média, começando com a invenção da escrita (c. 3500 antes de Cristo), é chamado de Idade Antiga. O período anterior à invenção da escrita é chamado de Pré-História – afinal, sem escrita não há “história”. Após a Idade Média temos a Idade Moderna, que vai até a Revolução Francesa (1789) e, de lá até hoje, vivemos na chamada Idade Contemporânea. Conforme se percebe, a Idade Média é um dos mais longos períodos históricos e para dar a um milênio inteiro um único nome os historiadores têm um bom motivo: eles acreditam que do ano 500 até o 1500 muito pouca coisa mudou, muito poucos eventos realmente importantes aconteceram. A verdade não é bem assim – mas é mais ou menos assim, mesmo. Ao menos na Europa, já que os períodos históricos foram definidos por historiadores europeus olhando para o próprio umbigo.
A Idade Média foi, de uma maneira geral, aquilo que nos lembramos dos livros de História: feudalismo, reinados pequenos e fracos, o grande poder da Igreja Católica etc.
CONCEITO (AMPLO) DE ARTE MEDIEVAL
De uma maneira simplista, porém ampla, Arte Medieval é toda manifestação artística ocorrida na Idade Média, isto é, entre os séculos 6 e 15.
Se a Idade Média foi um “monótono” período de longos mil em que pouca coisa mudou entre seu início e seu fim, o conceito de Arte Medieval não é mais detalhado. Para muitos livros de História da Arte, a Arte Medieval é tratada, sejamos honestos, como uma introdução necessária, porém chata e entediante, para a Arte feita da Idade Moderna em diante.
CARACTERÍSTICAS DA ARTE MEDIEVAL
E, de fato, a Arte Medieval, a princípio, é pouco criativa, engessada. A Igreja Católica dominava boa parte da Europa e este poderio se transformou em uma limitação para os artistas. O que eles poderiam representar eram as histórias bíblicas. Muito pouco se encontrarão obras, neste período, que fujam desta temática. Na verdade, nem mesmo a Bíblia inteira é muito explorada – há uma elevação concentração de representações de Maria com o menino Jesus.
Além disto, quando a Pintura surge, a técnica da perspectiva não havia sido desenvolvida. Assim, as cenas são quase bidimensionais. Se fosse um teatro, todos os atores estariam na borda do palco. Cenas que envolvem muitos personagens parecem “lotadas”. A perspectiva só começaria a ser realmente desenvolvida no século 15, justamente no final da Idade Média. O uso da tinta a óleo também data desta época – os artistas medievais usavam a têmpera, feita à base de pigmentos mesclados em clara de ovo.
Isto não significa, entretanto, que dentro destas limitações cada artista não pudesse, mesmo que limitadamente, pensar em novas técnicas, demonstrar a sua perícia, impor um pouquinho de criatividade na abordagem de um tema. Os artistas não eram meras máquinas reprodutoras de imagens. Ainda que acorrentados por uma expectativa, ainda assim eram artistas – isto é, seres pensantes e criativos.
Porém, novamente sejamos honestos, em uma primeira vista é difícil distinguirmos, ao vermos várias obras de Arte Medieval, quem fez o quê. Qualquer um, hoje, frente a uma tela de, digamos, Claude Monet e outra de Pablo Picasso, saberá dizer quem pintou o quê – e isto apenas em um relance de olhar. As imagens produzidas na Idade Média são, a princípio, muito parecidas mesmo. Às vezes uma parece cópia exata da outra. Entretanto, quando nos aprofundamos no estudo da Arte Medieval, iremos percebendo, aos poucos, como cada artista tinha o seu “estilo” – mesmo este aparecesse apenas nos detalhes de uma obra.
Também perceberemos como, pouco a pouco, a própria Pintura foi evoluindo, até que esta velocidade de mudança se acelerasse muito na Idade Moderna – quando a Igreja começa a perder poder – e ainda mais na Idade Contemporânea – onde todos se dizem católicos ou cristãos, mas ninguém vai mesmo à igreja.
Estes primeiros artistas têm um grande mérito. Eles “inventaram” a Pintura. Sim, já havia pintura, digamos, na Grécia Antiga. Mas esta se perdeu. E com o início da Idade Média, a Arte foi quase que proibida. É só nos últimos séculos da Idade Média em que a Pintura adquirirá um novo vigor. E como de lá até hoje a Pintura não desapareceu mais, não é exagero a afirmação de que a Pintura foi reinventada por estes artistas.
HISTÓRIA DA PINTURA MEDIEVAL (OCIDENTAL)
Quando falamos de História da Arte geralmente estamos falando da História da Pintura. Mais especificamente, da Pintura Ocidental. Aqui não será diferente. Portanto, a História da Arte Medieval que iremos analisar será, basicamente, a História da Pintura Ocidental na Idade Média.
Conforme dito, a Pintura só irá renascer, com vigor, na Europa, no final da Idade Média. Praticamente todos os livros de História da Arte situam este ressurgimento da Pintura na segunda metade século 13, com artistas como Cimabue, Duccio e Giotto – todos italianos, nascidos entre 1240 e 1267.
Aparentemente, nada de muito relevante, na Pintura, foi feito (ou sobreviveu) entre o ano 500 e o surgimentos destes artistas. Obviamente, com pesquisa detalhada, é possível encontrarmos algo. Porém, aqui, com o intuito de simplificação, assumiremos que a Pintura morre no começo da Idade Média e só ressurgirá quando estes italianos resolvem começar a pintar.
No século 14, entretanto, com artistas como Donatello, a Arte começa a rapidamente evoluir. A temática começa a evoluir. Estudos iniciais de perspectiva são feitos. A técnica começa a evoluir. Os historiadores da Arte já falam, aí, numa fase inicial do Renascimento. Entretanto, assim como a Idade Média não acabará de um dia para o outro, um período artístico não se encerra subitamente – pelo contrário, comumente encontraremos uma determinada faixa de tempo onde o estilo que nasce tem de conviver com o que morre.
De toda forma, o que se entende por Arte Medieval, em seu conceito restrito, é a Arte Cristã praticada entre, aproximadamente, a segunda metade do século 13 até o final do século 15 – quando, aí sim, de fato, a Queda de Constantinopla, a descoberta da América ou seja lá o que for coloca o mundo de cabeça para baixo e isto se refletirá de forma na Arte, com a chegada em definitivo do Renascimento.
Caso seja necessário frisar: NÃO ignoramos que o conceito amplo de Arte Medieval, mesmo que se falarmos apenas da Europa, inclui, por exemplo, a Arte Islâmica, praticada especialmente na Espanha, onde os muçulmanos dominariam até a sua expulsão definitiva em 1492. Ou, na Arquitetura, a Arte Gótica. Estas outras correntes artísticas serão tratadas em outros artigos. Neste, entretanto, tratamos apenas do conceito bastante restrito de Arte Medieval – como dito, a Arte da Pintura europeia cristã feita nos últimos séculos da Idade Média.
PRINCIPAIS ARTISTAS NA ARTE MEDIEVAL
Como já citado, os principais responsáveis pelo ressurgimento da Pintura, na Idade Média, foram Cimabue, Duccio di Buoninsegna e Giotto di Bondone. Porém, nas décadas seguintes, outros nomes importantes surgiriam. Listaremos alguns, por ordem de nascimento (clique nos links para conhecer melhor a vida e obras de cada artista):
*** Artistas mais importantes, com páginas dedicadas a cada um deles. ** Artistas importantes, dividindo uma página. * Artistas menos famosos, com mini-biografias reunidas em uma única página.
** CIMABUE (c. 1240 – c. 1302)
** DUCCIO DI BUONINSEGNA (1255 – 1319)
*** GIOTTO DI BONDONE (c. 1267 – 1337)
* PIETRO LORENZETTI (c. 1280 – 1348)
* SIMONE MARTINI (1284 – 1344)
* JAUME FERRER BASSA (c. 1285 – 1348) – espanhol.
* AMBROGIO LORENZETTI (c. 1290 – 1348)
* TADDEO GADDI (c. 1300 – c. 1366)
* ANDREI RUBLEV (c. 1360 – c. 1427) – russo.
* GENTILE DA FABRIANO (1370 – 1427)
*** FRA ANGELICO (1387 – 1455)
* PISANELLO (1395 – 1455)
*** TOMMASO MASACCIO (1401 – 1427)
Páginas que agrupam os artistas: ** Cimabue, Duccio e Giotto e a invenção da Pintura * 8 artistas medievais (Gótico Internacional).
Todos os 11 artistas cujas nacionalidades não foram citadas são italianos. Conforme exposto, ainda no século 15 o Renascimento começa a despontar. Pintores do Norte da Europa começam a inovar na temática, pintando retratos de poderosos. Outros artistas são reconhecidos por obras que não pinturas, e não os analisaremos aqui. Mesmo os italianos que ainda pintam cenas religiosas começam a inovar na abordagem e na técnica. Obviamente, ainda depois de 1500 ainda há quem faça arte “antiga”. Porém talvez seja conveniente, até por questões didáticas, cronológicas, situarmos a Arte Medieval entre Cimabue e Masaccio – embora alguns livros coloquem este já como um artista do Renascimento (e todos os outros como pré-renascentistas – enquanto outros livros chamam os mais antigos de “góticos”, para que se tenha uma ideia da confusão), pela época e estilo ele ainda poderia ser considerado, no limite, um artista medieval, portanto útil deixá-lo aqui como uma fronteira e como o despontar de uma nova época.