Neste texto, você encontrará as seguintes biografias de artistas medievais representantes do estilo Gótico Internacional:
Os artistas mais importantes da época e do movimento possuem páginas dedicadas a cada um deles. São eles: CIMABUE e DUCCIO; GIOTTO DI BONDONE, FRA ANGELICO e TOMMASO MASACCIO.
PIETRO LORENZETTI
O italiano Pietro Lorenzetti, nascido em Siena, por volta de 1280, é um importante artista do período medieval tardio.
Pouco se sabe sobre sobre a vida de Pietro Lorenzetti, irmão mais velho de Ambrogio Lorenzetti. Até mesmo a cronologia de suas obras é controversa.
O que se sabe é que Pietro Lorenzetti vivia na Siena onde nasceu (e morreria) – mas faria trabalhos em outros locais, como Arezzo e Assis. E que os irmãos foram dos artistas que mais buscaram o naturalismo, em suas obras, no período de transição entre a Arte Medieval antiga e o Renascimento.
Acredita-se que Pietro Lorenzetti tenha sido aluno do pai do famoso pintor Duccio di Buoninsegna. Os irmãos Lorenzetti seriam influenciados pelas obras de Duccio e de Giotto di Bondone (o artista italiano mais aclamado do início do século 14) e também pelas esculturas de Giovanni Pisano.
As obras de Pietro Lorenzetti são marcadas pela busca do realismo, como dito, mas também com cores harmoniosas e por conseguir impor dramaticidade aos personagens das cenas bíblicas retratadas. Pietro também realizou experimentos com a perspectiva e a tridimensionalidade. Chamam a atenção em suas pinturas detalhes como a representação de objetos e de roupas com estampas rebuscadas.
Para alguns críticos, detalhes como um cão lambendo um prato na “A última ceia” são pitadas humorísticas inseridas por Pietro Lorenzetti. Para outros, havia, para o pintor, algum significado profundamente religioso em cenas assim.
![](https://ahistoriadaarte.com.br/wp-content/uploads/PIETRO-LORENZETTI-A-ultima-ceia-1-1024x884.jpg)
O afresco “A última ceia” foi pintado por volta do ano 1320 e se encontra na Basílica de São Francisco, na cidade de Assis (dimensões não encontradas).
Pietro Lorenzetti morreria em 1348.
Sobre o artista, o historiador de Arte Enzo Carli disse: “O período de maior esplendor da pintura sienense atingiu seu apogeu com Pietro Lorenzetti.” [citado no livro “501 grandes artistas”]
SIMONE MARTINI
O italiano Simone Martini (em italiano, Simone pode ser nome masculino), nascido em Siena, por volta do ano 1284, provavelmente foi discípulo do pintor Duccio di Buoninsegna. Influenciado por este e também pelas esculturas de Giovanni Pisano e, por fim, pela Arte Gótica francesa, mesclou as três fontes para criar seu próprio estilo.
Simone Martini começou sua carreira na cidade onde nasceu, porém acabaria se mudando para Nápoles, trabalhando para uma corte do reino francês, que vivia na cidade. Então começou a inserir personagens não-religiosos em sua pintura, que até então seguia os temas católicos. Isto não é pouca coisa. Pelo que se sabe, Simone Martini foi, se não o primeiro, uma dos primeiros a ter esta ousadia.
Além disto, a própria pintura religiosa de Simone Martini também vale a pena ser vista.
![MARTINI, Simone - A Anunciação](https://ahistoriadaarte.com.br/wp-content/uploads/MARTINI-Simone-A-Anunciacao-1024x886.jpg)
“A Anunciação”, têmpera e ouro sobre madeira, obra feita aproximadamente em 1333 e medindo espantosos 3,05 x 2,65 metros, está (para variar) na Galleria Uffizi, em Florença (onde estão inúmeras obras deste período da História da Arte). A belíssima moldura desta obra, entretanto, só foi adicionada a ela no século 19.
A expressividade da cena é intensa. Repare na face de Maria. Ela recua, se esconde, assustada com as palavras ditas pelo anjo Gabriel.
![MARTINI, Simone - Maestá](https://ahistoriadaarte.com.br/wp-content/uploads/MARTINI-Simone-Maesta-detalhe-848x1024.jpeg)
Compare a “Maestá”, acima, de Simone Martini, feita por volta de 1326, com a de Giotto di Bondone, cerca de 15 anos antes, e note a evolução, o salto técnico. Chega a ser difícil entendermos como Giotto teve tão mais sucesso, à época e ainda hoje, do que Simone Martini… A obra, um afresco (dimensões), se encontra em um museu de Siena.
Mesmo obras religiosas de Simone Martini trazem surpresas. É o caso de “Uma criança caindo da janela é salva por Santo Agostinho”.
![MARTINI, Simone - Uma criança caindo da janela é salva por Santo Agostinho](https://ahistoriadaarte.com.br/wp-content/uploads/MARTINI-Simone-Uma-crianca-caindo-da-janela-e-salva-por-Santo-Agostinho-1-1024x995.jpg)
A obra, feita por volta de 1328 e medindo 67 x 82 centímetros, está em uma igreja de Siena. Não há como negar que a obra tem um certo humor – involuntário, provavelmente…
Após Nápoles, Simone Martini se moveu para Assis e Florença, quando trabalhou com seu cunhado Lippo Memmi. Em Assis, Simone Martini pintou um grande afresco em uma capela na Basílica de São Francisco.
Na década de 1320, Simone Martini já era um homem rico.
No início da década de 1340, Simone Martini se mudou mais uma vez, indo agora para Avignon, na França, que era a nova sede da Santa Sé, e onde conheceu o poeta italiano Petrarca, para quem produziu algumas ilustrações. Simone Martini seria um dos responsáveis pela popularização do novo estilo na França – sendo, assim, um dos vetores do surgimento do Gótico Internacional.
Ainda em Avignon, Simone Martini faleceu em 1344, com cerca de 60 anos.
JAUME FERRER BASSA
O espanhol Jaume Ferrer Bassa, a exemplo do russo Andrei Rublev, é um raro pintor não-italiano que alguns livros de História da Arte incluem no período final da Idade Média, época que se caracteriza como uma transição entre a Arte Bizantina e o Renascimento.
Nascido por volta de 1285, em local não conhecido, nem mesmo dos anos de formação de Jaume Ferrer Bassa se sabe algo. Há apenas especulação: é possível que tenha estudado pintura na Itália, mas parece mais provável que isto tenha ocorrido em Avignon (França) – centros culturais onde o estilo gótico italiano adotado por Bassa faziam escola.
Historiadores de Arte, na tentativa de entender melhor a biografia do artista, encontraram alguns registros antigos sobre pessoas de nomes semelhantes a Jaume Ferrer Bassa.
De suas obras, também quase nada restou: as únicas pinturas remanescentes que podem ser atribuídas a ele são ao artista são uma série de afrescos concluída em 1346 para o Monastério de Pedralbes, em Barcelona (Espanha).
![BASSA, Jaume Ferrer - Adoração dos reis](https://ahistoriadaarte.com.br/wp-content/uploads/BASSA-Jaume-Ferrer-Adoracao-dos-reis.jpg)
As quase 30 pinturas, entretanto, são consideradas belos exemplos do estilo gótico internacional – isto é, o gótico italiano levado para fora de seu local de nascimento. Jaume Ferrer Bassa foi o responsável por levar a tocha da inovação para a região de Barcelona – e por isto foi chamado de “o Giotto catalão”, em referência ao grande artista italiano.
Chama a atenção na obra de Bassa a luminosidade das cores, muito vívidas.
Jaume Ferrer Bassa viajou pela Catalunha realizando trabalhos para várias igrejas, auxiliado por seu filho Arnau. Porém estas obras foram perdidas ou não se pode atribuir sua autoria ao pintor espanhol.
Outra atividade de Jaume Ferrer Bassa foi a ilustração de manuscritos, trabalhando na corte do rei Afonso IV. O “Livro de horas da rainha Maria de Navarra” é notável exemplo.
Jaume Ferrer Bassa e seu filho Arnau morreriam, em 1348, vítima da Peste Negra que assolava a Europa.
AMBROGIO LORENZETTI
Artista italiano, nascido em Siena, entre 1285 e 1890, Ambrogio Lorenzetti é irmão mais novo do também famoso pintor Pietro Lorenzetti.
Embora tenha nascido no seio da chamada “Escola sienense” de Pintura, inaugurada algumas décadas antes por Duccio di Buoninsegna, Ambrogio Lorenzetti foi estudar Arte na rival Florença, cuja “escola” teve como patrono Giotto di Bondone – que, afinal, foi considerado o maior artista de sua época.
Em 1336, tendo aprendido tudo o que podia, Ambrogio Lorenzetti volta para Siena e funda o seu ateliê. O artista pintou várias “Madonas”, tema muito popular em uma cidade que era devota da Virgem Maria.
Porém, atualmente, Ambrogio Lorenzetti é mais conhecido, em qualquer livro de História da Arte, pela série de afrescos intitulada “Alegoria do bom e do mau governo”, composta por seis painéis. Abaixo vemos “Os efeitos do bom governo na cidade”, feitos por volta de 1338 a 1340.
![LORENZETTI, Ambrogio - Os efeitos do bom governo na cidade](https://ahistoriadaarte.com.br/wp-content/uploads/LORENZETTI-Ambrogio-Os-efeitos-do-bom-governo-na-cidade-1024x450.jpg)
(Clique na imagem para ampliá-la.)
A obra é muito importante porque Ambrogio Lorenzetti teve a coragem de não apenas fugir dos temas religiosos, como de discutir a política. Ou seja, deu uma leve cutucada nos dois maiores poderes da época ao mesmo tempo. E foi, de quebra, um dos primeiros artistas que ousou imaginar, criar a partir de uma ideia própria. Apesar da coragem, não se sabe de eventual represália sofrida pelo artista – aliás, de sua vida pessoa, pouco se sabe mesmo.
Do ponto de vista técnico, percebe-se que Ambrogio Lorenzetti absorveu bem os princípios da perspectiva e da tridimensionalidade que os artistas italianos começavam a explorar. Na verdade, aponta-se, o pintor foi o primeiro artista europeu a utilizar apenas um único ponto de fuga na composição de seus desenhos.
Para nós, a pintura é muito interessante porque é uma das raras oportunidades de vislumbrarmos como era, de fato, uma cidade medieval àquela época – tanto a sua arquitetura quanto em seus costumes. No detalhe abaixo vemos um grupo de mulheres felizes, dançando ao som de um pandeiro, e um vendedor de meias ou sapatos.
![LORENZETTI, Ambrogio - Os efeitos do bom governo na cidade [detalhe]](https://ahistoriadaarte.com.br/wp-content/uploads/LORENZETTI-Ambrogio-Os-efeitos-do-bom-governo-na-cidade-detalhe-1-1024x555.jpg)
Os afrescos estão no Palazzo Pubblico, em Siena, prédio que era a sede do governo da cidade-estado.
Ambrogio Lorenzetti e seu irmão Pietro morreram em 1348, vítimas da Peste Negra. Não foi sozinho – segundo estimativas, talvez a cidade tenha perdido a metade de sua população para a doença!
No mesmo ano a Peste Negra levaria também o artista espanhol Jaume Ferrer Bassa e seu filho e colaborador Arnau. A doença, portanto, assolaria a Europa e, inegavelmente, seria um freio, por décadas, para o desenvolvimento da Pintura. Na verdade, décadas depois, quando a vida começava a voltar ao normal e as pessoas podiam preocupar-se com coisas como a Arte, Siena jamais recuperaria a sua importância como epicentro cultural.
TADDEO GADDI
![TADDEO GADDI](https://ahistoriadaarte.com.br/wp-content/uploads/GADDI-Tadeo-por-Giovanni-Battista-Cecchi-732x1024.jpg)
Artista italiano, nascido, acredita-se, entre 1290 e 1300, em Florença, Taddeo Gaddi era filho de Gaddo Gaddi, pintor e também músico.
Taddeo Gaddi foi o principal discípulo direto do grande Giotto di Bondone (para muitos, o pai da pintura moderna) – e seu principal auxiliar por cerca de 20 anos.
Após a morte de Giotto, muitos passaram a considerar Taddeo Gaddi como o maior artista florentino vivo, aparecendo no topo de uma lista feia à época.
Como seu mestre Giotto, Taddeo Gaddi tentou introduzir em suas pinturas a perspectiva e a tridimensionalidade. Porém a temática era a mesma de todos os artistas da época, a única possível: cenas bíblicas.
O trabalho mais memorável de Taddeo Gaddi, que também atuou como arquiteto, foi uma série de pinturas feitas para uma capela da Basílica de Santa Cruz, em Florença.
Em “A Anunciação”, feita por volta de 1330 (dimensões?), duas coisas chamam a atenção, saltando rapidamente aos olhos. Primeiramente, a luminosidade da tela. Em segundo lugar, o naturalismo/realismo que Taddeo Gaddi imprimiu à cena, retratando detalhadamente os animais conduzidos pelo pastor. O cachorro que os acompanha – e assiste sem entender a aparição do anjo – chega a ser comovente.
Taddeo Gaddi é conhecido especialmente por isto, por ser um grande pintor narrativo, com grande habilidade para contar histórias com apenas uma imagem, por ser muito atento aos detalhes.
Após a morte de Taddeo, em 1366 ou 1368, seu filho Agnolo, também pintor, assumiu o seu ateliê.
ANDREI RUBLEV
O russo Andrei Rublev é um dos raros artistas não-italianos a constar em livros de História da Arte quando estes tratam do período final da Idade Média. De fato, foi entre as cidades-estados italianas de Florença e Siena que a moderna Pintura surgiu, quando começou a se distanciar dos padrões da Arte Bizantina.
Andrei Rublev nasceu por volta de 1360.
Sobre sua vida sabe-se pouco, porém pesquisas feitas por historiadores da Arte sugerem que foi um artista bastante produtivo e que alcançou boa reputação em vida.
Andrei Rublev participou da decoração da importante Catedral da Anunciação, no Kremlim, em Moscou, ao lado de outros artistas respeitados da época.
![RUBLEV, Andrei - Santíssima Trindade](https://ahistoriadaarte.com.br/wp-content/uploads/RUBLEV-Andrei-Trindade-822x1024.jpg)
O artista se enquadra como um representante do Gótico Internacional porque foi adepto dos novos modelos de representação cristã, adotando menor rigidez na composição e mais expressividade nos personagens.
A obra, têmpera sobre madeira, com 1,14 x 1,41 metros e concluída em 1405, está em um museu de Moscou, a Tretyakov Gallery, um dos mais importantes do país.
É verdade que se compararmos esta famosa obra de Andrei Rulev com outras feitas pelos italianos do mesmo período, acharemos a obra do russo um tanto quanto simplista. Entretanto, não podemos nos esquecer que os italianos estavam competindo ou aprendendo uns com os outros, o que fez com que sua Arte evoluísse muito rapidamente, enquanto Andrei Rublev, até onde se sabe, era um criador solitário.
Nos últimos tempos, muitas obras têm sido atribuídas a Andrei Rublev e outras têm perdido o selo de sua autoria. Isto porque seu estilo seria muito influente e inspiraria uma legião de imitadores, na Rússia.
O ano da morte de Andrei Rublev também é incerto, porém acredita-se que tenha ocorrido por volta de 1427.
Em 1966, foi lançado um filme russo chamado “Andrey Rublev”, vagamente baseado na vida do artista, tornando-o quase um herói do humanismo. Na época, a União Soviética, ateísta e repressora, não permitiu a exibição do filme. Entretanto, a obra foi exibida em outros países, ganhou prêmios e é considerada pelos críticos um grande filme.
Em 1988, Andrei Rublev foi canonizado pela Igreja Ortodoxa Russa. Ou seja, para esta Igreja, ele é São Andrei Rublev.
GENTILE DA FABRIANO
![Gentile da Fabriano](https://ahistoriadaarte.com.br/wp-content/uploads/DA-FABRIANO-Gentile.jpg)
Gentile da Fabriano foi um artista italiano, nascido por volta de 1370, na cidade de… Fabriano! Seu verdadeiro nome, na verdade, era Gentile di Niccolò di Massio. Costume da época, renomear a pessoa de acordo com a sua origem, assim como Leonardo da Vinci ficou conhecido por seu apelido.
O artista foi um grande representando do Gótico Tardio italiano, estilo surgido no final da Idade Média.
Pouco se sabe da vida inicial de Gentile da Fabriano, a não ser que sua mãe morreu quando ele contava com cerca de 10 anos – e então seu pai se mudou para um mosteiro, onde morreria cinco anos depois.
Embora já adulto tenha se movido para a Toscana, região italiana onde estão Florença e Siena, dois polos culturais da época, Gentile da Fabriano teve uma carreira relativamente nômade, trabalhando em várias cidades. Na rixa entre as duas grandes rivais, entretanto, Gentile da Fabriano parece ter optado por Florença, onde realizou importantes obras.
A obra-prima de Gentile da Fabriano é a têmpera “Adoração dos Magos”, de 1423.
[clique para ampliar]
A parte de baixo da obra representa três outros episódios do Novo Testamento.
O painel mede 2,83 por 3,01 metros e foi feita por encomenda de um banqueiro, para a capela de sua família. Hoje está na Galleria degli Uffizi, onde repousam várias outras obras-primas do período. O nível de detalhismo alcançado por Gentile da Fabriano na pintura é impressionante, assim como sua capacidade técnica de desenhar animais e outros elementos de forma naturalista.
Embora esta obra seja um dos retábulos mais suntuosos do século 15 (e também conhecido como “Retábulo de Strozzi”, em homenagem ao patrocinador), outras obras religiosas de Gentile da Fabriano também são caracterizadas por uso primoroso da douração, isto é, do uso de folhas de ouro na composição.
Na verdade, embora hoje só prestemos atenção ao ouro, atualmente, há outro sinal da riqueza do mecenas, na obra: o azul intenso do manto da Virgem, conseguido com o uso de um caro pigmento, o lápis lázuli.
Gentile da Fabriano seria conhecido, ainda pela tentativa do escorço, na Pintura (o “escorço” é a torção do corpo).
Em 1427, Gentile da Fabriano moveu-se para Roma, pois havia recebido uma encomenda do Papa Martinho V. Porém o artista morreria naquele mesmo ano, sem executar a obra. Mas não sem deixar “descendentes”: Gentile da Fabriano seria considerado uma das principais influências de Fra Angelico.
PISANELLO
O artista italiano conhecido como Antonio Pisanello ou simplesmente Pisanello nasceu Antonio di Puccio Pisano e tanto o seu nome quanto o seu apelido apontam para a cidade que nasceu, Pisa. Vindo ao mundo por volta de 1395, Pisanello foi um inovador.
Apesar de ter feito enormes afrescos, a maior parte da obra de Pisanello, infelizmente, se deteriorou e se perdeu. O que é uma pena porque, pelo que se diz, o artista foi um dos maiores do estilo Gótico Internacional – apesar de ser um raro artista deste movimento que não esteve sob influência clara nem da Escola Florentina nem da Escola Sienense.
Não apenas pela qualidade técnica de suas obras, Pisanello se destaca pela secularidade de muitas de suas obras – isto é, por retratar temas “mundanos”, ao invés de apenas cenas cristãs. Mundanos, mas não tanto: os imortalizados por Pisanello eram pessoas importantes à época. O quadro abaixo, não por acaso, se chama “Retrato de uma princesa”, um perfil de Ginevra d’Este.
![PISANELLO - Retrato de uma princesa](https://ahistoriadaarte.com.br/wp-content/uploads/PISANELLO-Retrato-de-uma-princesa-714x1024.jpg)
A obra, feita na técnica de têmpera sobre madeira, é pequena, medindo apenas 30 x 43 centímetros, e se encontra no Museu do Louvre.
O artista era um estudioso dedicado da natureza, como se pode ver nas borboletas e nas flores que rodeiam Ginevra.
Já os poderosos foram retratados por Pisanello não apenas na Pintura, mas em uma forma de Arte que começava a renascer: medalhas. Prática comum na Antiguidade, havia sido abandonada durante quase toda a Idade Média. Como, agora, estávamos prestes a ver o Renascimento, havia um crescente interesse pelos clássicos do passado e, nisto, a cunhagem de moedas representando pessoas influentes ressurgiu. Pisanello se aproveitou deste interesse e colocou o seu talento para a criação dos moldes para estas medalhas.
![PISANELLO - Medalha de Cecília Gonzaga](https://ahistoriadaarte.com.br/wp-content/uploads/PISANELLO-Medalha-de-Cecilia-Gonzaga.jpg)
Com alguns traços, o artista consegue dar volume e “maciez” à pelagem do unicórnio (um símbolo de pureza, apesar dos surpreendentes seios nus da retratada). Seus desenhos-estudos de animais são impressionantes pelo detalhismo que Pisanello conseguiu alcançar. Abaixo, um detalhe do afresco “São Jorge e a princesa”, mostrando a sua perícia.
![PISANELLO - São Jorge e a princesa [detalhe]](https://ahistoriadaarte.com.br/wp-content/uploads/PISANELLO-Sao-Jorge-e-a-princesa-detalhe.jpg)
Pisanello verdadeiramente se envolvia com a vida secular. Em 1438, eclode um conflito armado entre as cidades-estados de Milão e Veneza. Pisanello resolve entrar na disputa e, considerado rebelde pelo governo veneziano, só escapa de uma pesada sentença com a ajuda de um amigo poderoso.
A data da morte de Pisanello é incerta, porém deve ter ocorrido entre 1450 e 1455.
Saiba mais:
TUDO sobre a ARTE MEDIEVAL.