![MASACCIO - Autorretrato](https://ahistoriadaarte.com.br/wp-content/uploads/MASACCIO-Auto-retrato.jpg)
O verdadeiro nome do artista italiano que ficaria conhecido como Masaccio era Tommaso di Ser Giovanni di Simone, porém desde pequeno Tommaso recebeu o apelido, que significa “desastrado”, “desajeitado”.
Contudo, ao menos do mundo da Arte, Tommaso Masaccio se mostraria bastante habilidoso.
Massacio teve uma vida muito curta e sua morte pode ter sido um homicídio. Porém, tamanho era o seu talento que, no curto prazo em que viveu, o artista deixaria seu nome na História da Arte.
Tommaso Masaccio foi não apenas um dos mais importantes pintores do século 15, como é considerado um dos precursores do Renascimento.
Neste texto, conheça um pouco da vida e vejas impressionantes pinturas de Masaccio.
BIOGRAFIA DE TOMMASO MASACCIO
Nascido em 1401, Masaccio recebeu este apelido ao entrar para uma guilda (oficina), em Florença – na época, as crianças começavam seu aprendizado como artesãos por volta dos 12 anos. “Maso” era a abreviação de “Tommaso”. O apelido, um pouco maldoso, pode ter sido dado para distinguir o artista do colega Tommaso di Cristoforo Fini, outro “Maso”, que seria chamado de “Masolino” (“pequeno”, “delicado”) da Panicale.
Masaccio era filho de um funcionário de cartório, que morreu quando o futuro artista tinha apenas cinco anos. Sua mãe estava grávida e ao nascer o bebê recebeu o mesmo nome do falecido pai, Giovanni. O irmão de Masaccio, cujo nome completo era Giovanni di ser Giovanni, também se tornaria pintor e também receberia um apelido, “Lo Scheggia” (“A Lasca”). Seis anos depois, sua mãe casou-se novamente, com um senhor que já tinha vários filhos.
Lo Scheggia tem ao menos uma obra interessante, o “desco da parto” (uma obra feita em comemoração a um nascimento, na Idade Média) feito em 1449, por ocasião da vinda ao mundo de Lorenzo de Médici, que viria a se tornar o banqueiro “dono” de Florença.
![LO SCHEGGIA - 'Desco da parto' de Lorenzo de Médici](https://ahistoriadaarte.com.br/wp-content/uploads/LO-SCHEGGIA-Desco-da-parto-de-Lorenzo-de-Medici.jpg)
A pintura retrata uma brincadeira popular à época, chamada de “jogo da corujinha” (civettino). A parte realmente curiosa da obra, que está no Palazzo Davanzati, em Florença, está no seu verso:
![LO SCHEGGIA - 'Desco da parto' de Lorenzo de Médici [verso]](https://ahistoriadaarte.com.br/wp-content/uploads/LO-SCHEGGIA-Desco-da-parto-de-Lorenzo-de-Medici-verso.jpg)
Sem comentários. Voltemos a Masaccio…
Não se sabe bem como foi a formação de Masaccio, como artista. O que se sabe é que em 1422 Tommaso Masaccio entrou para a guilda dos pintores, de Florença.
E que foi um dos primeiros artistas a explorar efeitos de luz e tom para dar mais “solidez” aos personagens. O rosto destes personagens transmite a emoção que deveriam estar sentindo em cada cena. Tommaso Masaccio também estudou a perspectiva, na tentativa de dar mais volume aos cenários.
Como vários artistas italianos dos séculos 14 e 15, Tommaso Masaccio afastou-se das tradições bizantinas e buscou uma representação mais naturalista em suas obras. Porém, ao contrário de seus colegas anteriores, o afastamento proposto por Masaccio foi tanto que, para alguns, o artista não é mais um dos últimos artistas medievais, e sim um dos primeiros da nova era artística, o Renascimento.
A partir de 1424, com o colega Masolino, Tommaso Masaccio trabalhou da decoração de igrejas, em Florença e em Roma. O “desastrado” e o “delicado”, juntos, rapidamente ganhariam alta reputação.
Masolino, entretanto, não tem, hoje, a mesma fama de Masaccio. Como provavelmente não teremos outra oportunidade, aqui no site, de falarmos sobre ele, vejamos ao menos uma de suas obras, antes de prosseguirmos com Masaccio.
![MASOLINO - A Anunciação](https://ahistoriadaarte.com.br/wp-content/uploads/MASOLINO-A-Anunciacao-797x1024.jpg)
“A Anunciação” de Masolino da Panicale, feita por volta de 1424, em têmpera sobre madeira, mede 1,15 por 1,48 metros e está na National Gallery of Art de Washington (Estados Unidos).
A obra, sem dúvidas, é espetacular. Várias coisas chamam a atenção do observador, ao mesmo tempo. A roupa do anjo. A cor das asas do anjo. O rosto do anjo – seria uma “anja”, Gabriela? A pesquisa de volume, perspectiva, empreendida por Masolino. As cores no teto, complementares ou conflitantes?
Acredita-se que “A Anunciação” de Masolino tenha servido de inspiração para as várias versões do mesmo tema feitas por Fra Angelico.
Uma das obras atribuída à dupla é “A Virgem com o menino e Santa Ana”.
![MASACCIO e MASOLINO - A virgem com o menino e Santa Ana](https://ahistoriadaarte.com.br/wp-content/uploads/MASACCIO-e-MASOLINO-A-virgem-com-o-menino-e-Santa-Ana-615x1024.jpg)
A obra foi feita em têmpera sobre madeira, mede 1,03 por 1,75 metros e está na Galleria degli Uffizi, em Florença.
Pela análise estilística, os historiadores acreditam que Santa Ana e os anjos foram pintados por Masolino, enquanto Masaccio cuidou da Virgem e do menino Jesus.
OBRAS DE TOMMASO MASACCIO
Vamos a Masaccio, enfim…
Na obra “Santíssima Trindade”, assinada apenas por Masaccio, feita entre 1426 e 1428, temos, para alguns historiadores, o primeiro uso sistemático da perspectiva linear na História da Pintura.
![MASACCIO, Tommaso - Santíssima Trindade](https://ahistoriadaarte.com.br/wp-content/uploads/MASACCIO-Santissima-Trindade-parte.jpg)
Afirma-se que o público achava até que Tommaso Masaccio havia feito um buraco na parede, para que a obra parecesse tridimensional. Foi, portanto, um dos primeiros “trompe l’oeil” (expressão francesa que significa “engana os olhos”) da História da Pintura.
O enorme afresco, de mais de 3 metros de largura por mais de 6,5 metros de altura (!), está na Basílica de Santa Maria Novella, em Florença.
Conta-se que, para realizá-la, Masaccio fixou pregos na parede e esticou linhas convergentes entre eles, para que o desenho saísse perfeito, do ponto de vista da perspectiva.
A parte logo abaixo da Santíssima Trindade (que está acompanhado do patrono da obra e de sua esposa) nem sempre é mostrada nas reproduções da obra. É chamada de “Tumba de Adão” e é um pouco assustadora.
![MASACCIO - Santíssima Trindade - Tumba de Adão](https://ahistoriadaarte.com.br/wp-content/uploads/MASACCIO-Santissima-Trindade-Tumba-de-Adao-1024x615.jpg)
É um “memento mori” – isto é, uma lembrança da morte. Está escrito, sobre o esqueleto: “Eu era o que você é; você será o que eu sou.”
E logo Masaccio iria para a tumba, mesmo. Tommaso Masaccio, apesar de todo o potencial que tinha, morreu em 1428, ainda com 27 anos. Ele havia deixado um trabalho inacabado em Florença e se mudado para Roma. Provavelmente tenha morrido de por conta da peste, mas diz uma lenda que Masaccio foi envenenado por um colega invejoso.
A breve carreira de Tommaso Masaccio não seria em vão, entretanto: suas obras influenciariam artistas como Michelangelo e Leonardo da Vinci, dois dos maiores nomes do Renascimento.
No livro “Vidas dos artistas”, Giorgio Vasari conta que Masaccio recebeu o apelido porque não se importava com nada mais que não fosse a Arte, não se preocupando nem mesmo com a maneira de se vestir. Masaccio foi amigo do arquiteto Brunelleschi e do famoso escultor Donatello e com eles aprendeu muito sobre volume, sobre tridimensionalidade, conta a história.
Vasari afirmou, um pouco exageradamente: “Tudo o que foi feito antes de Masaccio pode ser descrito como artificial.”
Contudo, de fato Tommaso Masaccio é um dos maiores artistas da época conhecida como “Quattrocento”.
A obra mais famosa da Masaccio é mesma a pintura “Santíssima Trindade” (ver acima). Não sem razão. Nunca, ninguém, antes do artista, alguém havia ousado levar a perspectiva tão a sério, em uma obra tão grande. Quase não há livro de História da Arte que não cite esta pintura, que não fale de sua importância.
Contudo, outras obras de Masaccio merecem atenção.
Uma das obras de Tommaso Masaccio que, em tempos recentes, subitamente tornou-se mais famosa foi o afresco “A Expulsão”. A pintura retrata Adão e Eva sendo expulsos do Paraíso pelo arcanjo Gabriel, conforme narra o Gênesis, na Bíblia. A fama súbita da obra veio após uma restauração realizada em 1980. Quando o desenho foi limpo, desapareceram as folhas que cobriam os genitais do casal. Assim, foram expostos eles… e a obra original de Masaccio.
![MASACCIO, Tommaso - "A Expulsão" [restaurado]](https://ahistoriadaarte.com.br/wp-content/uploads/MASACCIO-A-Expulsao-restaurado-1-797x1024.jpg)
Observe a expressão intensa da emoção de Adão e Eva, culpados e desolados após o cometimento do primeiro pecado.
A pintura foi feita na igreja Santa Maria do Carmo (Santa Maria del Carmine), em Florença. Mais exatamente, na Capela Brancacci, que leva o nome do patrono da série de pinturas feita para o local. Este afresco mede 88 centímetros de largura por 2,08 metros de altura.
As folhas de parreira foram adicionadas em 1680, mais de 200 anos após a execução da obra, quando uma onda moralista enfim achou que a pintura era obscena. A parreira de Eva, observa-se, era desnecessária, mas mesmo assim foi feita. Uma das inovações de Masaccio havia sido justamente a introdução do nu na Pintura, coisa que raramente havia sido feita antes deles, porém o conservadorismo, naquela época, venceu a liberdade artística.
Outra inovação de Masaccio foi o escorço – isto é, a figura humana não é mais representada de uma forma rígida, mas “retorcida”, em movimentos naturais.
Na Capela Brancacci estão representados também evento da vida de São Pedro. Na época estava em voga as hagiografias – isto é, representações das vidas dos santos, baseadas em textos populares medievais. O trabalho na capela, entretanto, não foi completado. Masolino o abandonou em 1425 e foi para a Hungria – não se sabe se por divergências com Masaccio ou com o patrono. Aparentemente, o dinheiro para a execução da obra subitamente havia minguado. No ano seguinte é Masaccio quem abandona o trabalho.
E em breve abandonaria a vida.
Em Reggello, cidadezinha de 14 mil habitantes próxima a Florença, há um pequeno museu dedicado ao artista, o Museo Masaccio d’Arte Sacra (site oficial), onde se pode ver a sua obra “Tríptico de San Giovenale”, atribuído ao pintor.
![MASACCIO - Tríptico de San Giovenale](https://ahistoriadaarte.com.br/wp-content/uploads/MASACCIO-Triptico-de-San-Giovenale-1024x714.jpg)
A obra é datada de 1422 e é o trabalho mais antigo conhecido de Masaccio. A pintura foi redescoberta apenas em 1961, em uma pequena igreja próxima à localidade onde o artista nasceu.
Saiba mais:
GALLERIA DEGLI UFFIZI, em Florença.
Outras obras de arte famosas naA vida, as obras – e as várias versões de “A Anunciação” – feitas por FRA ANGELICO.
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