Localizada em Florença (Itália), a Galleria degli Uffizi (“Galeria dos Escritórios”) é uma oportunidade única, para quem visita a cidade, de conhecer inúmeras obras de Arte famosas.
Embora não seja tão famosa ou visitada quanto outros museus – é apenas o 26o museu mais visitado do mundo, talvez porque a própria Florença não seja tão visitada quanto cidades como Paris, Londres ou Madri -, a Galleria degli Uffizi reúne obras de artistas que estão entre os mais importantes de todos os tempos, como Leonardo da Vinci e Michelangelo!
Da Itália em si, a Galleria degli Uffizi é o museu mais popular – o Museu do Vaticano é o 3o mais visitado do mundo, mas lembre-se que o Vaticano, embora esteja dentro da Itália, é um território independente!
Conheça, neste texto, algumas das mais importantes obras de Arte que estão na Galleria – e a História do próprio museu.
AS ‘MADONAS’ DE CIMABUE, DUCCIO E GIOTTO
Cimabue, Duccio di Buoninsegna e Giotto de Bondone foram três pintores italianos nascidos no século 13 e considerados responsáveis pelo ressurgimento, no Ocidente, da Arte da Pintura, após quase um milênio adormecida, durante toda a Idade Média. Rompendo com a “frieza” da Arte Bizantina, estes artistas começaram a explorar a tridimensionalidade e a imprimir um pouco de emoção em suas cenas. E os três pintaram o tema da “Maestà”: a Virgem Maria com o menino Jesus no trono. Cimabue foi o primeiro e a obra de Duccio parece uma cópia da dele. Já Giotto deu um passo além na vivacidade da Madona e não à toa superou em fama os colegas. As três obras estão na galeria de Florença.
Outra obra mais ou menos do mesmo período é “A Anunciação” (c. 1333), do pintor Simone Martini. O italiano foi um artista ousado – um dos primeiros, se não o primeiro, a atrever-se a a pintar temas não religiosos. E até mesmo em algumas de suas pinturas religiosas ele inovou na composição ou até mesmo em colocar um certo humor nas cenas.
A OBRA DE ARTE MAIS FAMOSA DA GALLERIA DEGLI UFFIZI
A obra mais famosa da Galeria Uffizi, contudo, provavelmente seja “O nascimento da Vênus” (1485), de Sandro Botticelli, um dos maiores nomes do Renascimento. A pintura, sem dúvidas, é uma das obras de Arte mais famosas do mundo.
E a Galleria degli Uffizi tem não apenas uma, mas duas obras-primas de Botticelli. A outra em posse do museu é “Primavera”.
Contudo, embora “O nascimento da Vênus” possa ser a obra de Arte mais famosa presente no museu, Botticelli talvez não seja o mais importante artista representado na Galleria, que possui também obras de outros grandes mestres do Renascimento, como Leonardo da Vinci, Michelangelo e Rafael.
A Galleria degli Uffizi cobre, basicamente, o Renascimento Italiano e o período que o antecedeu, chamado comumente de Gótico Internacional.
A Galleria tem algumas obras, entretanto, de artistas não italianos importantes no período, como o alemão Albrecht Dürer. E também algumas obras realizadas após o Renascimento, de artistas também famosos, como Rembrandt.
OUTRAS OBRAS DE ARTE FAMOSAS NA GALLERIA DEGLI UFFIZI
Algumas das várias obras de Arte famosas que podem ser vistas na Galleria degli Uffizi: “Mulher com um véu”, de Rafael; “Sagrada Família (Doni Tondo)”, de Michelangelo Buonarroti; “Adoração dos Reis Magos”, de Leonardo da Vinci, “Baco”, de Caravaggio – além de obras de Ticiano, Artemisia Gentileschi, Paolo Ucello e outros artistas importantes.
A Galleria degli Ufizzi, de fato, não será o local onde você verá “as melhores” obras de Arte italianas – isto é, as mais famosas. Há “O Nascimento da Vênus”, claro. Porém, não há um museu na Itália que concentre todas as grandes obras do país – na verdade, para se ver algumas, como a “Mona Lisa”, será necessário estar em outro país, como a França (Museu do Louvre).
Entretanto, a Galleria degli Uffizi concentra, sim, algumas das obras mais importantes de determinado período da História da Arte. Além disto, em Florença há ainda a Galleria dell’Academia, que possui nada menos do que a estátua de “Davi”, de Michelangelo (a original) – mas não apenas.
Assim, o recomendado para o viajante em Florença que deseja mergulhar na História da Arte é a visita combinada a estes dois museus. Que pode ser realizada em um dia – ou, o mais recomendado, pois a Arte, bem apreciada, “cansa”: duas manhãs ou tardes.
Site oficial da Galleria degli Uffizi: link .
HISTÓRIA DA GALLERIA DEGLI UFFIZI
Não é possível entendermos a história da Galleria degli Uffizi sem entendermos o que foi a família Médici. Na verdade, sem exageros, é possível dizermos que sem os Médici talvez não tivesse existido o Renascimento Italiano.
A Itália, poucos sabem, é um país mais jovem do que o Brasil, enquanto país! Enquanto a Independência do Brasil ocorreu em 1822, foi apenas em 1871 que foi completada a unificação da Itália – até então, o território era composto por vários reinos.
Voltando ao século 15… Florença, cidade-estado, passou a ser liderada pelo banqueiro Cosimo de Médici (1389 – 1464). Após Cosimo, outros Médici manteriam o poder político e econômico sobre Florença, estabelecendo uma dinastia que seria conhecida como “Casa dos Médici”. Dois Médici, inclusive, viraram papas, no século 16!
Após muitos conflitos, a dinastia acabaria, no século 18. Em 1737 é assinado o “Pacto de Família”, que, entre outras coisas, transferia a coleção de Arte dos Médici para a cidade de Florença.
Muitas obras de Arte foram adquiridas pelos Médici muito tempo depois de feitas. A importância da família foi ter financiado a execução de muitas pinturas que hoje estão entre as mais importantes da História da Arte. Diga o que se quiser dos Médici como políticos, o fato é que, se não tivessem sido patronos de vários artistas hoje famosos, possivelmente não os conheceríamos e os livros de História da Arte perderiam algumas de suas mais belas imagens.
A partir de 1765 a Galleria degli Uffizi foi aberta para o público, que pode então ver, pela primeira vez, o que poucos tiveram acesso, até então.
A CONSTRUÇÃO DA GALLERIA DEGLI UFFIZI
A construção do prédio foi iniciada em 1560, por ordem de Cosimo de Médici, por Giorgio Vasari – que embora fosse arquiteto, pintor, ficou mesmo para a História da Arte como escritor. Seu livro “Vidas dos artistas” conta a história dos artistas italianos desde a época dos pioneiros até o Renascimento. A obra é tão importante que é editada até hoje! Se não fosse Vasari, muito do que hoje sabemos dos artistas do período não existiria – embora pesquisas históricas recentes venham mostrando que muito do que Vasari escreveu estava mais para lenda e “fofoca”. De toda forma, estas histórias, mesmo que exageradas ou até inverídicas, é que ajudaram a popularizar muitos dos artistas que hoje conhecemos…
Giogio Vasari morreu em 1574 e o prédio só seria concluído, por outros arquitetos, em 1581.
A parte de cima da construção foi projetada como uma galeria que abrigaria os escritórios ou gabinetes dos magistrados florentinos – daí o nome que o prédio receberia.
FLORENÇA vs. SIENA
A Itália só foi unificada no século 19. Até então, o território era composto por vários reinos e cidades-estados independentes. A disputa entre as cidades de Florença e Siena, logo no início da História do nascimento da Pintura, para o desenvolvimento da Arte foi muito benéfica.
As duas cidades são separadas por apenas 100 quilômetros. No “time” de Florença estiveram artistas como Cimabue, Giotto, Fra Angelico e Masaccio. No “time” de Siena, Duccio, os Lorenzetti (Pietro e Ambrogio) e Simone Martini.
É verdade que, para a História da Arte, Florença sairia vencedora – seus artistas são bem mais considerados, nos livros de Arte, do que os de Siena. Hoje, Florença tem 400 mil habitantes – Siena apenas 50 mil – e acaba sendo muito mais visitada do que a cidade vizinha.
Entretanto, para aqueles que têm um tempinho a mais em sua viagem à Itália e gostam de Arte, querem verdadeiramente entender a História da Arte, uma visita a Siena é indispensável.
A cidade, sendo tão pequena, guarda o charme dos locais europeus pouco afetados pela modernidade – e pelo turismo.
Claro que boa parte das obras do período medieval feitas em Florença e Siena estão espalhadas, hoje, por vários museus pelo mundo. Por sorte nossa, entretanto, muito do período foi feito afrescos – pintados em paredes e, portanto, impossíveis serem vendidos e levados para outro local. Assim, em Siena ainda é possível vermos algumas produções da época, como os famosos afrescos de AMBROGIO LORENZETTI no Palazzo Pubblico (ou Palazzo Comunale).
Porém, não vá a Siena por causa da Arte – vá até para descansar um pouco da Arte, após ter passado por Florença. Vá a Siena para tomar um café na praça central da cidade! E, claro, voltar um pouco no tempo, para aquele tempo em que Siena e Florença “guerreavam” em disputa pelo título de mais importante centro artístico da época…
Outras dicas de turismo em Siena aqui .
SAIBA MAIS
Confira outras instituições que guardam as obras de Arte mais importantes da História na nossa página MUSEUS.