O SIGNIFICADO DAS OBRAS DE HIERONYMUS BOSCH
Hieronymus Bosch, ainda hoje, é um pintor muito popular. É muito comum que um texto sobre a Idade Média tenha como ilustração uma pintura de Bosch.
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Contudo, cabe uma pergunta: Hieronymus Bosch artista nos mostrou como era a Idade Média ou ajudou a criar em nós uma ideia relativamente falsa, tenebrosa, deste período histórico? A primeira objeção a ser lançada é a seguinte: Bosch nem mesmo viveu na Idade Média – ou melhor: viveu apenas em seu finalzinho. Nascido por volta de 1450, ele viveria até 1516. Os livros de História consideram, geralmente, que a Idade Média acaba em 1492 – com a descoberta da América. Claro, a humanidade não acordou em 1493 e sentiu que vivia em um outro mundo. A transição foi lenta e desigual em diversas partes do mundo. Por outro lado, a Idade Moderna também não começa apenas no dia em que Colombo desembarca na América – ela já vinha começando há cerca de um século, com as Grandes Navegações – e, no mundo da Arte, pode-se dizer que a mudança já vinha acontecendo até há mais tempo. Lenta, progressiva, cheia de idas e vindas, mas vinha.
Mesmo que a Idade Média tivesse durado exatamente até 1492, mesmo que Hieronymus Bosch tivesse pintado suas obras mais famosas antes desta data, mesmo que elas retratassem fielmente como era a vida… ainda teríamos uma segunda objeção. Mesmo que a vida no final da Idade Média fosse feia, assustadora, caótica, tenebrosa, apavorante, como nas obras de Bosch… ainda assim seria um retrato apenas das últimas décadas de um período que dura… nada menos do que mil anos!
Isto é, as obras de Hieronymus Bosch não cobrem mais do que cinco por cento da duração da Idade Média! Assim, o primeiro mito a ser desmistificado é: não, Bosch não retratou “a” Idade Média! Portanto, não necessariamente a Idade Média inteira foi um período de caos e angústia! Bosch retratou, no máximo, o que aconteceu no seu tempo – o final da Idade Média.
E, mesmo assim! Seria muita ingenuidade pensarmos que a Europa naquele período era apenas pecado, depravação, crimes, loucura. Basta abrirmos qualquer livro mais sério para vermos que também havia o oposto – afinal, o que eram as Grandes Navegações, se não uma manifestação de esperança?
Por outro lado, novamente seríamos ingênuos se apostássemos plenamente neste outro lado da moeda. Que a vida era bela e Hieronymus Bosch era apenas um doente, um febril delirante que tirou todas aquelas cenas apenas de sua imaginação perturbada. Não, muito provavelmente, não. A terra não pegava fogo, literalmente; monstros não comiam literalmente, as pessoas… Mas algo estava “no ar”. Bosch captou um espírito do tempo. Medos subconscientes.
Por um lado, muitas pessoas começavam a perder o medo da Igreja. Porém, o que aconteceria a elas se agissem conforme seus desejos, seus instintos? As próprias Grandes Navegações… eram revestidas de uma intenção religiosa – levar a palavra de Cristo, evangelizar… Mas os que as empreendiam sabiam que mentiam sobre suas intenções, sabiam que buscavam riqueza e poder. O que aconteceria a eles, quando chegasse o Juízo Final? O que aconteceria aos próprios líderes religiosos que apoiavam e encobriam esta farsa?
As Grandes Navegações, de fato, envolviam mais os países do sul da Europa: Portugal, Espanha, Itália… Porém no norte, algo também acontecia. Um descontentamento muito grande com a Igreja estava no ar. Isto explodiria em 1517, quando Lutero daria início à Reforma Protestante.
O mundo, portanto, estava em ebulição, sim. A Terra já não era mais quadrada, havia ouro e morte do outro lado do Atlântico; a Igreja já não era mais a dona deste mundo, as almas começavam a escapar de suas mãos. Crenças de que o mundo acabaria no ano 1500, com o advento do Juízo Final, apareciam em toda parte.
Foi este sonho confuso, este quase pesadelo, este “inconsciente coletivo” que Hieronymus Bosch teve a sensibilidade de captar, catalisar e transmitir para suas pinturas. Um momento, uma fotografia (um negativo?), um instantâneo. Do fim da Idade Média, não da Idade Média inteira!
A IMPORTÂNCIA DE HIERONYMUS BOSCH
Hieronymus Bosch vinha de uma família financeiramente bem-sucedida. Assim, conta-se, Bosch não precisava, ao contrário da maioria dos colegas do período, pintar para sobreviver. A informação, a princípio, parece não ter tanta relevância, porém se pararmos para pensar um pouco, veremos como esta situação influenciaria não apenas a obra de Bosch, como a da Arte Flamenga do século 16. Bosch tinha algo que outros pintores da época não tinham: liberdade temática. Outros artistas, para sobreviver, tinham de gastar o seu tempo pintando retratos ou encomendas de nobres, comerciantes ricos etc. Pouco tempo lhes sobrava para explorar de forma criativa o seu talento. Já Bosch poderia pintar o que lhe deve vontade. E, com isto, Bosch mergulhou em dois inconscientes: o seu e o do seu tempo.
Porém, como isto influenciaria a Arte vindoura? As pinturas de Hieronymus Bosch acabaram por fazer sucesso. Assim, nasceu uma demanda para o bizarro – e um campo um pouco mais comercial, menos agressivo, o de cenas do cotidiano.
O fim da Idade Média e o início da Idade Moderna, aprendemos na escola, são marcados pelo surgimento da burguesia. Isto é, de uma nascente classe média. Esta não terá nem os mesmos gostos – e nem o mesmo poder econômico da nobreza – e nem da Igreja. Assim, surge um novo mercado para os pintores. Que precisam sobreviver.
Hieronymus Bosch não seria o primeiro a pintar uma cena grotesca. Um ou outro artista flamengo fez alguma obra onde podemos enxergar raízes para as ideias de Bosch. Contudo, Bosch foi quem levou a ideia a sério, foi quem a tornou um programa de trabalho. E quando analisamos a Pintura Flamenga dos séculos 15 e 16 notaremos que, bem no meio deste espaço de tempo, haverá um antes de Bosch e um depois de Bosch.
Nesta mesma época, na Itália, a Arte tomou outro rumo. Enquanto a Pintura Flamenga se voltou para o cotidiano, para os cidadãos comuns, no país mais ao sul europeu os pintores foram em busca da “Grande” Arte: pinturas extremamente bem executadas, retratando temas “importantes”: ainda as cenas bíblicas, ou a Mitologia Grega.
Que não se entenda, aqui, que nenhum artista, em nenhum momento do século 16, faz algo que lembre o estilo do Renascimento Italiano. Muita coisa foi feita, sim. Porém isto não virou uma tendência. A grande inovação, ou o grande destaque, da Arte Flamenga, naquele século, foi a pintura de cenas do cotidiano ou paisagens.
Contudo houve, sim, em algum momento, um breve encontro entre as Artes Flamenga e Italiana. Porém Bosch foi o responsável por as duas tomarem caminhos distintos.
HIERONYMUS BOSCH E O SURREALISMO
A Arte Flamenga só irá se reencontrar com a Italiana com Peter Paul Rubens (1577 – 1640), artista nascido na atual Alemanha que, como os italianos, acreditava numa “Grande Arte”. Após Rubens, a “Escola de Bosch” praticamente desaparece. Porém ressurgiria, quem diria, no louco século 20, com os surrealistas. É inegável a dívida do Surrealismo, um dos tantos movimentos que compõe o Modernismo surgido no início do século passado, com Hieronymus Bosch. O Surrealismo, entretanto, como dito, era apenas uma entre várias correntes. Não dominou um local e uma época como a obra de Bosch. Assim, não era a captura de um “espírito do tempo”. Era mais a transposição, para as telas, de um questionamento individual – o século 20 é a culminação da criação do “indivíduo”, que começou a ser gerado lá no século 16, com o Renascimento. As obras de artistas como Salvador Dalí e René Magritte, dois dos maiores nomes do Surrealismo, não nos trazem o pavor que as de Bosch. Talvez porque as encaremos como, no máximo, pesadelos destes dois artistas, não nossos, não de nossa época. Pior ainda: as obras destes do Surrealismo não têm a (aparente) espontaneidade das de Bosch, não têm aquele caos. Pelo contrário, estas pinturas parecem cerebrais demais, pensadas demais. O caos delas é organizado. Não se parecem com pesadelos verdadeiros! São apenas jogos intelectuais. Queremos “interpretar” o que significa o relógio derretido em uma tela de Dalí. Qual o seu suposto significado oculto.
Em Bosch também há mistério. Muita coisa que é impermeável à interpretação. Mas também há o óbvio escancarado. Não é necessário ser um psicanalista para enxergar, por exemplo, o que supostamente representa esta máquina assassina abaixo.
Os surrealistas precisariam de horas de imaginação forçada para criar uma imagem que, em Hieronymus Bosch, é apenas um detalhe em sua convulsão caleidoscópica.
Claro que as pinturas de Hieronymus Bosch também são cerebrais – não foram feitas num lampejo frenético de um sonâmbulo desenhando seus pesadelos. Porém, ainda assim, elas se parecem com pesadelos reais! Pesadelos que tinham não apenas aqueles homens e mulheres do fim da Idade Média, mas pesadelos que nós, no século 21, ainda temos.
O criador do conceito de “inconsciente coletivo”, o psicanalista Carl Gustav Jung (1875 – 1961), reconheceu, ao analisar as obras do artista: “Hieronymus Bosch é o mestre da monstruosidade… o descobridor do inconsciente.”
O que muitos dos intérpretes das obras de Hieronymus Bosch não perceber, entretanto, é que provavelmente nem tudo o que vemos em suas pinturas saiu de sua imaginação. Muitas cenas certamente retratam algumas crenças da época, provérbios etc. Entretanto, o “dicionário” que nos permitiria traduzir um quadro de Bosch se perdeu há muito tempo…
VIDA (BIOGRAFIA) DE HIERONYMUS BOSCH
O verdadeiro nome de Hieronymus Bosch era Jeroen (ou Jheronimus, a forma latina como ele assinou algumas obras) van Aken. O apelido “Bosch” veio do nome do local onde o pintor nasceu – por volta de 1450 -, a cidade de ‘s-Hertogenbosch (que significa “o bosque do duque” e que, para facilitar para nós, foi apelidada de Den Bosch, “A Floresta”), na atual Holanda.
Hieronymus Bosch veio de uma família de artistas alemães financeiramente estável, destacada. Seu pai era o pintor Anthonius van Aken e possivelmente foi em sua oficina, ou na de algum dos vários tios pintores, que Bosch aprendeu seu ofício. Não há obra conhecida sobrevivente do pai ou dos tios de Bosch. Seu pai morreu quando Bosch entrava na idade adulta, calculam os historiadores.
Os registros documentais da época confirmam que o Bosch adulto ocupava uma alta posição social. E pintava apenas por prazer, já que não precisava disto para sobreviver – na verdade, Bosch era um dos homens mais ricos de ‘s-Hertogenbosch.
Hieronymus Bosch até pintou alguns retábulos tradicionais, era o que artistas faziam, à época. Mas logo percebeu que poderia deixar sua imaginação fluir. Bosch obviamente se aproveitou dos desenvolvimentos técnicos feitos pelos artistas flamengos que vieram antes dele: o uso da tinta a óleo, permitindo a criação de detalhes minuciosos; o estudo de volume, perspectiva e tridimensionalidade, que os conterrâneos buscaram dos italianos… E só! A temática adotada pelos colegas – cenas cristãs clássicas, retratos da nobreza… Bosch jogou tudo isto pela janela!
Mas que não se pense que Hieronymus Bosch era contra a Igreja ou um rebelde contra os costumes ou o “sistema”. Pelo contrário, o artista fez parte de uma irmandade religiosa (I. de Nossa Senhora) e também pintou para nobres, como Filipe, “O Belo”, de Borgonha, quando seus quadros começaram a fazer sucesso também entre os poderosos. As suas obras não questionavam os ensinamentos religiosos, mas o que os homens (inclusive os da Igreja) estavam fazendo deles.
Por volta de 1480, ainda novo portanto, Hieronymus Bosch se casou com uma herdeira alguns anos mais velha do que ele.
Um episódio que pode ter influenciado a obra de Hieronymus Bosch foi um grande incêndio ocorrido em Den Bosch em 1473, quando o futuro artista deveria estar na adolescência, quando o fogo destruiu cerca de 4 mil casas. O fogo do Inferno que apareceria em suas pinturas pode ser uma lembrança do evento.
Muito mais não se sabe da vida pessoal de Hieronymus Bosch. Um dos pintores que os historiadores acreditam que mais expôs seus dramas em suas obras, paradoxalmente não deixou diários, cartas, nada que possamos utilizar para saber algo de seus verdadeiros pensamentos, seja sobre a vida, seja sobre sua Arte.
Hieronymus Bosch morreria em 1516, na mesma cidade onde nasceu, viveu (talvez nunca tenha saí de lá) e trabalhou.
OBRAS DE HIERONYMUS BOSCH
Há 25 pinturas (e oito desenhos) que, atualmente, podem ser atribuídas com relativo grau de certeza a Hieronymus Bosch – mais uma meia dúzia que, acredita-se, foi feita por seu ateliê. O artista raramente assinava os seus trabalhos e o seu sucesso fez aparecer muitos imitadores, o que deu aos historiadores bastante trabalho para separar os verdadeiros Bosch das imitações.
Boa parte de sua obra se compõe de trípticos – painéis triplos, geralmente com uma parte central mais importante. Quando fechados sobre o painel central, os laterais mostram alguma outra cena. O costume da época, entretanto, era representar a cena principal no painel central – e, nas laterais, representar coisas como o patrono da obra ou algum santo. Já em Bosch os painéis laterais são parte essencial da obra – os três, juntos, contam uma história com começo, meio e fim.
Também diferentemente dos colegas flamengos, Hieronymus Bosch não utilizou a técnica de aplicar, no início da pintura, várias camadas quase transparentes de tinta, em busca de um naturalismo perfeito. Pelo contrário, Bosch não fazia muita questão de esconder que seus desenhos sobre a madeira eram… desenhos! Assim, suas obras têm um quê de “infantilismo” técnico: os desenhos, em si, não são complexos, são bem simples – o que é altamente estruturada é a composição do quadro como um todo.
“O jardim das delícias terrenas” é, talvez, a obra mais famosa de Hieronymus Bosch e retrata a criação do mundo – incluindo o Paraíso, no painel esquerdo, e o Inferno, no direito.
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A obra, feita em óleo sobre painel de carvalho, tem impressionantes 3,84 metros de largura por 2,05 metros de altura.
No final do século 16, Filipe II da Espanha (“O Prudente”) adquiriu várias obras de Hieronymus Bosch e é por isto que o Museu do Prado possui algumas obras-primas do artista, como “O jardim das delícias terrenas”, pintada por volta de 1500.
Seria perda de tempo tentarmos descrever tudo o que se vê na pintura. É uma obra para ser vista, e não descrita, uma obra para ser admirada, em cada detalhe.
Para ver a obra em super zoom, com explicações (em inglês) sobre várias das cenas desenhadas por Bosch na pintura, clique aqui .
Curiosamente, quando fechado, “O jardim das delícias terrenas” mostra uma pintura insossa, que provavelmente retrata o 3o dia da Criação, um desenho que nada dá de amostra do que o observador veria guardado lá dentro do painel.
No final de 2001 foi organizado um evento, em Madri, onde artistas contemporâneos expunham releituras atuais de “O jardim das delícias terrenas”. O resultado foi muito interessante e pode ser conferido aqui .
A obra que abre este texto, o “Tríptico Haywain”, também está no Prado e possivelmente seja uma referência a um provérbio flamengo: “O mundo é um monte de feno do qual cada um tira o que pode.” Inclusive os padres!
Filipe II “adquiriu” as obras de Hieronymus Bosch de Don Filipe de Guevara, que colocou as mãos nelas após os Países Baixos terem passado para o domínio espanhol. Entretanto, o monarca apreciava mesmo o pintor, pois conta-se que tinha, em seu quarto, “Os sete pecados capitais” [reprodução aqui ], como um estímulo para o exercício da própria virtude. A pintura está no Prado, também.
Uma outra obra de Hieronymus Bosch que está no Museu do Prado é “A adoração dos reis magos” (também chamado de “Epifania”).
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Feita por volta de 1495, em óleo sobre madeira, a obra tem 1,38 metros tanto de largura quanto de altura.
“A adoração dos Reis Magos” é interessante porque não é “o” Hieronymus Bosch que conhecemos. Onde estão a dor, a tragédia, a perdição? De fato, Bosch fez algumas pinturas que seguiam o padrão da época, mais elaboradas tecnicamente, onde vemos que o artista, se não pintava como seus pares, era por não querer.
O exterior do painel também é muito bonito.
Alguém descreveu a pintura como “Uma Epifania sem extravagâncias”. Bosch fez pinturas mais “normais”, portanto.
Quase normais. Se dizem que o Diabo mora nos detalhes, nos detalhes ainda haverá “o” Bosch de sempre.
Há alguma explicação bíblica, divina, católica, teológica, para, em plena Adoração pelos Reis Magos, um homem estar sendo atacado, de maneira quase sexual, por um javali, uma fera qualquer? Na curva da estrada, uma mulher também logo será vítima destas feras maníacas.
Se pouco sabemos de oficial sobre a vida de Hieronymus Bosch, esta pintura, talvez mais do que as mais óbvias do artista, é um bom indício de que certas obsessões sempre estiveram em sua mente. Os seus quadros mais clássicos talvez sejam apenas uma demonstração mais deliberada delas – tão deliberadas que talvez visassem esconder, sob o manto de uma preocupação universal, temas que eram verdadeiramente fantasmas para o artista, e não para aqueles que o rodeavam.
Mas exatamente o que estas obsessões significavam para Hieronymus Bosch – eis o mistério que nunca saberemos.
FEITIÇARIA E HERESIA EM HIERONYMUS BOSCH?
O fato de nunca se ter encontrado uma palavra de Hieronymus Bosch sobre as intenções de sua obra tornou o artista um grande alvo para especulações. Há quem acredite que suas pinturas foram feitas apenas para divertir o público, porém esta corrente parece ser minoritária. Há, alguns poucos, que vejam alguma intenção política, nelas.
A maioria parece acreditar que elas reflitam as angústias morais da época. E, nos tempos de Hieronymus Bosch, a sua obra era vista com bons olhos pela Igreja. Um monge, no século 17, disse que não havia nada melhor do que as pinturas do artista para convencer as pessoas a evitar o pecado. Em 1629, contudo, no meio de uma confusão, algumas obras de Bosch foram destruídas por protestantes.
Há, entretanto, atualmente, algumas ideias que, embora menos populares, são bastante intrigantes. Como a de que o pintor era adepto da feitiçaria e que suas obras refletem isto.
Lynda Harris propôs, em “The secret heresy of Hieronymus Bosch”, um livro lançado em 1996, que o artista seguia o catarismo, uma crença herética medieval, altamente perseguida pela Igreja, que dizia que a Terra era literalmente o Inferno, sendo governado pelo Diabo. Suas obras, claro, seriam a representação desta crença, para a autora.
De fato, aos olhos de hoje ao menos, a Irmandade da qual Hieronymus Bosch fazia parte tinha hábitos incomuns. Seus membros tinham o cabelo tonsurado (raspado) e usavam roupas típicas de frades. Ocasionalmente faziam um “banquete solene do cisne”. Encenavam “mistérios”, representações teatrais com carros alegóricos.
Há provas disto tudo? Não. É apenas mais uma das interpretações que as pinturas de Hieronymus Bosch, como um sonho perturbador, nos permite ter.
Saiba mais:
Biografia e obras dos pais da Pintura Flamenga: ROBERT CAMPIN, ROGIER VAN DER WEYDEN E JAN VAN EYCK.
O seguidor mais famoso de Hieronymus Bosch: LUCAS CRANACH (“O VELHO”).
TUDO sobre a PINTURA FLAMENGA.