O pintor Gustav Klimt é o autor do quadro “O beijo”, uma das obras de Arte mais famosas da História.
[Clique nesta e nas próximas imagens das obras de Klimt para ampliá-las e ver seus detalhes.]
Neste texto, contaremos a história do artista e mostraremos suas pinturas mais importantes, além de algumas curiosidades sobre sua vida e suas obras.
BIOGRAFIA DE GUSTAV KLIMT
Gustav Klimt seria considerado um dos maiores representantes da Art Nouveau e do movimento artístico conhecido como Simbolismo.
Ainda em vida, Klimt foi muito admirado e suas pinturas alcançaram altos preços – porém, ao mesmo tempo, o pintor foi muito criticado e até acusado de estar “corrompendo os jovens”, com suas obras.
![Gustav KLIMT](https://ahistoriadaarte.com.br/wp-content/uploads/Gustav-KLIMT.jpg)
Gustav Klimt nasceu em 1862, em Viena, capital da Áustria. Era filho de um gravador de metais preciosos (o que ajuda a explicar o futuro gosto do artista pelo uso do ouro em suas obras) e de uma cantora julgada talentosa, porém que não conseguiria desenvolver uma carreira.
Após um período de educação comum, aos 14 anos Klimt foi matriculado na Escola Nacional de Artes Aplicadas de Viena – ou seja, o desejo da família, aparentemente, era de que o jovem, como o pai, se tornasse um artesão. A família de Klimt era humilde (segundo algumas fontes, pobre mesmo) e, para estudar, ele precisou de uma bolsa.
Na Escola de Artes as aulas cobriam várias disciplinas. A formação era clássica e, a princípio, Klimt não se revoltaria com isto – porém, mais tarde em sua vida, ele lideraria uma “rebelião” contra as regras antigas.
Ao sair da Escola de Artes, Klimt começou a trabalhar como pintor-decorador. Seu primeiro grande trabalho foi a pintura de dois painéis, com temas históricos, para dois prédios públicos. Viena tinha muitas oportunidades assim, naquele tempo, porque o imperador estava reconstruindo parte da cidade de forma grandiosa.
Por volta dos 20 anos, em 1882, Gustav Klimt abriu um ateliê, tendo como parceiros seu irmão Ernst Klimt e mais um colega, Franz Matsch. O grupo se intitulava “Companhia dos Artistas”.
Por cerca de quinze anos Gustav Klimt produziria murais para prédios públicos – parte destes trabalhos sendo realizada pela “Companhia”, parte pelo artista apenas.
Em 1890, a pintura feita em um auditório de um teatro, com precisão fotográfica, chamou muito a atenção e foi vencedora do Prêmio Imperial. Porém, daí em diante Gustav Klimt iria progressivamente abandonar o realismo.
Em 1894, a Universidade de Viena o contratou para a realização de três pinturas do anfiteatro de suas novas instalações. Klimt, com estas pinturas, homenagearia as faculdades de Filosofia, Medicina e Direito. Estas pinturas seriam o começo dos escândalos artísticos na vida Gustav Klimt.
“A Filosofia” veio à público em 1900 e gerou muita controvérsia – mas posteriormente receberia uma medalha de ouro na Exposição Universal de Paris (França).
Acima, uma foto-reprodução da obra. Ela foi destruída em 1945, no final da Segunda Guerra Mundial, possivelmente quando os alemães, em fuga, incendiaram vários prédios das cidades que ocupavam. [Não foto colorida da pintura. A Google, utilizando pesada inteligência artificial, conseguiu recuperar as fantásticas cores destes murais. Veja aqui. ]
A obra não era o que parte do público e da crítica esperavam. Klimt não se abalou e, no ano seguinte, concluiu “A Medicina” – e a reação foi ainda mais intensa. O seu realismo foi considerado excessivo e “angustiante”; a nudez,”indecente”.
Klimt ainda assim não pararia e terminaria “A Jurisprudência”, o terceiro dos murais encomendados a ele. Após novo escândalo, o artista devolveria o dinheiro recebido e recuperaria as obras para si e, daí em diante, não mais aceitaria encargos públicos, dizendo: “Chega de censura! Eu recuso toda forma de apoio do Estado, eu seguirei sem isto.”
Talvez, portanto, as críticas tenham feito bem à Arte de Klimt, ao trazer uma certa urgência de liberdade ao artista, que passou a experimentar com os novos movimentos vanguardistas que apareciam especialmente na França e também com movimentos antigos, meio “fora-de-moda”, como as Artes Japonesa e Egípcia.
A SECESSÃO DE VIENA
Em 1897, Gustav Klimt e colegas já haviam rompido com o Classicismo da Academia de Artes, tendo saído desta e fundado a Associação de Artistas Austríacos, que ficou mais conhecida como Secessão* de Viena, da qual Gustav Klimt foi o primeiro presidente.
(* separação, divisão – ou revolta, rebelião)
A Secessão reunia outros tipos de artistas, como escritores, e publicava uma revista, chamada “Ver Sacrum” (“primavera sagrada”), nome que foram buscar em uma antiga prática religiosa pagã italiana.
Embora a Secessão não tivesse um manifesto e um estilo rigidamente definido, pois prezava pela liberdade criativa, os artistas plásticos da Secessão de Viena seguiam, essencialmente, a Art Nouveau, que havia se desenvolvido na França. A Art Nouveau é um estilo artístico decorativo, que busca a beleza e a harmonia, através de muitas curvas e “sensualidade”. (Observe que nas obras de Klimt há poucas retas, tudo é curvo e sinuoso.)
Em 1898, a Secessão de Viena realizou a primeira de várias exposições, que ocorreriam nos anos seguintes. E já nesta 1a Exposição, uma pintura de Klimt, mitológica, foi censurada, por mostrar os genitais do herói…
O. grupo, entretanto, obteve sucesso, ganhou dinheiro e comprou um prédio. Acima da entrada deste havia uma frase: “Para cada tempo, sua Arte; para a Arte, a liberdade.”
![Gustav KLIMT - Secessão de Viena [edifício]](https://ahistoriadaarte.com.br/wp-content/uploads/Gustav-KLIMT-Secessao-de-Viena-edificio.jpg)
A Secessão, entretanto, aos poucos, foi abandonando as curvas da Art Nouveau e adotando a figuração mais retilínea da Art Déco.
Nos primeiros anos do século 20, o próprio Gustav Klimt começou a se desligar da Secessão de Viena e acabaria por abandonar o grupo. Por volta de 1905, enfim, o artista entrou na sua chamada “Fase Dourada” – influenciado ainda pelas vanguardas europeias, mas também por várias outras fontes, como a pintura do holandês Lawrence Alma-Tadema (1836 – 1912) ou os mosaicos e afrescos de estilo bizantino (após ter passado um bom tempo na Itália estudando-os).
Gustav Klimt, por fazer suas pinturas exalarem sensualidade, seria sempre um artista muito controverso, sendo detestado por boa parte da crítica, mas amado por boa parte do público.
Em 1900, Gustav Klimt já havia sido indiciado, acusado de produção de p0rn0gr4fi4 e por “perversão excessiva”. Em algumas ocasiões, suas obras tiveram de ser exibidas com uma cortina a cobri-las, para evitar a “corrupção dos jovens”.
De fato, Klimt acreditava que a sexualidade era um dos pilares da vida. Por outro lado, muitos não viam em suas obras tanto um apelo para o erotismo, mas para os sentimentos e a intimidade dos indivíduos. E mais do que a alegria fugaz do sexo, em alguns daqueles quadros também se pode ver a decadência do corpo e a morte.
O trabalho de Gustav Klimt, acredita-se, foi influenciado pelas nascentes ideias da Psicanálise, criada por Sigmund Freud (1856 – 1939), também austríaco, autor de livros como “A interpretação dos sonhos”. Aliás, a Freud é atribuída influência não apenas sobre Klimt, mas sobre todos os adeptos do Simbolismo, assim como a outros movimentos artísticos, como o Surrealismo e o Dadaísmo.
![Gustav KLIMT](https://ahistoriadaarte.com.br/wp-content/uploads/Gustav-KLIMT-2.jpg)
Entre 1903 e 1908, Gustav Klimt ficou sem expor em Viena, mas aprimorando seu novo estilo até que apareceu com obras que iam fundo no Simbolismo e flertavam com o Abstracionismo.
Na época, entretanto, o artista tinha dúvidas sobre a sua capacidade artística. Em uma carta, escreveu: “Ou eu sou muito velho, ou muito perturbado ou muito estúpido, algo deve estar errado.”
“O beijo”, que surge, em 1908, entretanto, foi um sucesso, tendo sido comprado imediatamente, por um altíssimo valor. É hoje a pintura mais conhecida de Gustav Klimt – e possivelmente uma das obras de Arte mais reproduzidas nas últimas décadas.
Em 1909, Gustav Klimt foi para a capital francesa, Paris, onde conheceu alguns artistas famosos, como Henri de Toulouse-Lautrec, um dos mais conhecidos nomes do Impressionismo. De Paris, Klimt viajou para Itália, passando um tempo em Veneza e Roma. Em 1911, conquistou o primeiro lugar na competição da Exposição Universal, ocorrida justamente em Roma, com a obra “As três idades da mulher”.
Nos últimos anos de sua carreira, sua pintura foi adquirindo tons mais expressionistas e abstratos, mergulhando cada vez mais no ocultismo e nos aspectos espirituais.
A mãe de Gustav Klimt, com quem ele morava, morreu em 1915, e os críticos notam que após o fato sua produção adquiriu tons mais tristes.
Três anos depois, em 1918, pouco antes do fim da Primeira Guerra Mundial, deixando várias obras inacabadas, morre o próprio Gustav Klimt, relativamente jovem, aos 55 anos, na Viena onde nascera e vivera, e onde obtivera escárnio e sucesso: do início do século 20 até a sua morte, para o bem ou para o mal, o artista hipnotizou o cenário vienense.
A obra de Gustav Klimt, ainda enquanto vivo, influenciaria muitos artistas, em especial o também austríaco Egon Schiele, que daria forma a um Expressionismo muito provocativo. Schiele, entretanto, morreria poucos meses após Klimt, com apenas 28 anos. Ambos os artistas, provavelmente, foram vítimas da Gripe Espanhola, que se alastrou durante a Guerra.
![Gustav KLIMT [por Egon Schiele, 1913]](https://ahistoriadaarte.com.br/wp-content/uploads/Gustav-KLIMT-por-Egon-Schiele-1913-675x1024.jpg)
Outros artistas representantes do Simbolismo também morreriam no período e, assim, no pós-Guerra veríamos outros movimentos artísticos emergirem e dominarem a cena europeia. Entretanto, a beleza das obras de Gustav Klimt perdurará para sempre.
Para saber sobre os casos e romances e mais sobre a vida do artista, veja o post: GUSTAV KLIMT – FATOS E CURIOSIDADES.
OBRAS DE GUSTAV KLIMT
“O beijo”, de Gustav Klimt, certamente é uma das obras de Arte mais famosas de todos os tempos. Contudo, o artista possui outras pinturas que também são muito conhecidas, como “Judith I” e “Retrato de Adele Bloch-Bauer II”.
Neste texto mostraremos brevemente algumas das mais importantes obras de Klimt e, em outra página, para aqueles que se interessarem, mais detalhes, curiosidades etc. sobre estes e outros quadros do artista.
“O BEIJO”
![Gustav KLIMT - O beijo [detalhe]](https://ahistoriadaarte.com.br/wp-content/uploads/Gustav-KLIMT-O-beijo-detalhe.jpg)
“O beijo” [detalhe, acima; veja a pintura completa no início deste texto] é uma obra que resume todo o auge do trabalho de Gustav Klimt: as cores e as formas fragmentadas como se em um caleidoscópico, o excesso do dourado, a sensualidade, o simbolismo…
“O beijo” foi feito em óleo (e folhas de ouro!) sobre tela, mede 1,80 por 1,80 metros e está na Österreichische Galerie, no Palácio Belvedere, em Viena.
Para saber TUDO sobre a obra (sua história, valor, curiosidades, releituras etc.), veja a página dedicada apenas a esta pintura: “O BEIJO”, de GUSTAV KLIMT.
“JUDITE E A CABEÇA DE HOLOFERNES”
A obra, feita em 1901, ficou conhecida apenas como “Judith I” (há uma outra versão do tema, de 1909, chamada de “Judith II”) e também está na Österreichische Galerie. Ao contrário de “O beijo”, “Judith e Holofernes” tem tamanho modesto, medindo apenas 42 por 84 centímetros.
A história retratada no quadro vem do “Livro de Judite”, presente na “Bíblia”. Judite é uma mulher judia que se infiltra no campo do inimigo e seduz seu general, Holofernes, de quem corta a cabeça.
“RETRATO DE ADELE BLOCH-BAUER” (I)
![Gustav KLIMT - Retrato de Adele Bloch-Bauer I](https://ahistoriadaarte.com.br/wp-content/uploads/Gustav-KLIMT-Retrato-de-Adele-Bloch-Bauer-I-1024x1024.jpg)
Novamente, há uma segunda versão do quadro, porém, como “Judith I”, o “Retrato de Adele Bloch-Bauer I” é a mais conhecida.
Se havia dúvidas do apreço de Gustav Klimt pelo dourado, esta obra é a resposta definitiva.
Supõe-se que Adele, que posou para várias obras de Klimt, era amante de Klimt. A socialite, entretanto, era casada.
O retrato, completado em 1907, mede 1,40 por 1,40 metros e está na Neue Galerie, em Nova York (Estados Unidos).
“Retrato de Adele Bloch-Bauer I” já foi alvo de uma polêmica enorme, quando uma sobrinha de Adele lutou na Justiça contra o Estado austríaco, querendo de volta o quadro que, segundo ela, havia sido roubado de sua família pelos nazistas durante a Segunda Guerra Mundial. Esta história foi retratada no LIVRO “A DAMA DOURADA” e no FILME “A DAMA DOURADA”.
“ÁRVORE DA VIDA”
“Árvore da Vida” é como foi chamada a parte central do gigante friso feito para o Palácio Stoclet, em Bruxelas (Bélgica). O palácio leva o nome do seu proprietário, o contratante da obra, Adolphe Stoclet, que encomendou os painéis para decorar a sua nada modesta sala de jantar.
Esta parte do painel apenas mede 1,02 por 1,95 metros.
O estudo para “Árvore da Vida” está hoje está no Museu de Artes Aplicadas, de Viena. Nele, se repararmos bem, é possível ver ensaios e anotações feitas a lápis por Klimt.
Além dos dois grandes frisos, completados em 1911, Klimt produziu mais três mosaicos para o Palácio Stoclet.
“O abraço” (cena à direita do painel direito e que também aparece em um dos mosaicos), observam todos os críticos, lembra muito “O beijo”, obra mais famosa de Gustav Klimt.
“DANAË”
![Gustav KLIMT - Danaë](https://ahistoriadaarte.com.br/wp-content/uploads/Gustav-KLIMT-Danae-1024x991.jpg)
“Danaë”, de 1907, certamente é uma das pinturas mais escandalosas de Gustav Klimt. O artista volta ao tamanho relativamente reduzido (83 x 77 centímetros), mas a provocação é grande.
Na Mitologia Grega, Danaë foi aprisionada em uma torre por seu pai. Lá, foi visitada por Zeus, o Deus supremo, que aqui é representado pelo jorro dourado entre as pernas de Danaë! Pouco depois da visita, ela daria luz a um filho, Perseu.
“Danaë” está no Leopold Museum, em Viena.
Para muito mais detalhes e curiosidades sobre as obras acima e para conhecer outras belas e importantes pinturas do artista, veja: OBRAS DE GUSTAV KLIMT.