Neste texto, conheça a vida (biografia) e obras de cinco dos mais famosos artistas (pintores) franceses de todos os tempos: Jean-Antoine Watteau, Jean-Auguste Dominique Ingres, Pierre-Auguste Renoir, Henri de Toulouse-Lautrec e Robert Delaunay!
JEAN-ANTOINE WATTEAU
Jean-Antoine Watteau, conhecido também apenas como Watteau, nasceu no interior da França, em 1684.
Jean-Antoine Watteau foi o maior pintor francês em sua época e o principal nome do Rococó, um estilo derivado da exuberância do Barroco do alemão Peter Paul Rubens (1577 – 1640). O Rococó combinava com o reinado também exuberante de Luís XV.
Em 1702, Jean-Antoine Watteau se mudou para Paris. De 1705 a 1708, Watteau estudou no ateliê de Claude Gillot (1673 – 1722), um pintor de cenas teatrais. Claude Gillot levava Watteau para asssitir às farsas teatrais da commedia dell’arte, peças improvisadas, e isto seria decisivo para a carreira do pupilo, que criaria, em sua Pintura, a chamada “fête galante”, ou “festa de cortejo”. O termo foi criado dentro da Academia Francesa, que, após aceitar Jean-Antoine Watteau como membro, queria um termo para definir sua Pintura.
A fête galante de Jean-Antoine Watteau se caracteriza por: um cenário idílico; personagens fantasiados; na cena, passa-se um cortejo, um flerte.
Entretanto, muitos notaram que apesar de toda a cena dever ser feliz, os personagens tinham um ar algo melancólico. Alguns acham que isto se restringia à própria obra, isto é, simbolizava a consciência dos personagens de que os prazeres seriam passageiros. Outro já pensam que Jean-Antoine Watteau deixou o sofrimento que causado sua doença, a tuberculose, contaminar sua obra. A doença, segundo estes críticos, seria também responsável pelo descuido técnico visto em alguma telas de Watteau.
Por conta da doença, Jean-Antoine Watteau era considerado uma pessoa mal-humorada, o que cria um interessante contraponto com suas obras festivas, ornamentais.
Em 1719, Jean-Antoine Watteau, em busca de mais saúde, foi para a Inglaterra. O frio inglês o fez piorar e Watteau morreu dois anos depois, com apenas 37 anos. Com sua morte, o Rococó também rapidamente desapareceu.
De Jean-Antoine Watteau disse Edmé-François Gersaint (1694 – 1750), marchand: “Um dos melhores desenhistas que a França já produziu.”.
Durante a Revolução Francesa, estudantes jogavam pedaços de pão nas obras-primas de Jean-Antoine Watteau.
JEAN-AUGUSTE DOMINIQUE INGRES
Jean-Auguste Dominique Ingres nasceu em 1780, no Sul da França.
Por volta de 1796, Ingres mudou-se para Paris, para estudar com o pintor neoclássico Jacques-Louis David (1748 – 1825). Em 1801, Ingres foi o vencedor do concorrido Prêmio de Roma, e, então, recebeu encomendas de Napoleão Bonaparte. Nesta época, Ingres ainda fazia retratos tradicionais.
Em 1806, Ingres fez a enorme “Napoleão I em seu trono imperial”, tela algo estranha, com referências à Antiguidade.
Neste ano, Ingres mudou-se para Roma, onde passaria 14 anos. Para sobreviver, fazia desenhos de ruínas e esculturas antigas e vendia na colônia francesa.
“A banhista”, ou “A banhista de Valpinçon”, de 1808, foi seu primeiro nu feminino. Ingres ficaria reconhecido, na eternidade, como um dos maiores artistas do nu feminino.
Entretanto, seu nu não era realista, era, de certa forma, idealizado. As mulheres tinham muitas curvas, os membros eram alongados, o que as deixava ainda mais sensuais, a pele era lisa. Há influência, portanto, na obra de Ingres, do Gótico Internacional, de Sandro Botticelli (1444 – 1510), de Parmigianino (1503 – 1540), de Agnolo Bronzino (1503 – 1572) – todos italianos – enfim, da Alta Renascença e do Maneirismo como um todo… (Assim como é impossível ver as gordinhas do colombiano Fernando Botero, nascido em 1932, e não notarmos que elas devem algo a Ingres…).
Em 1824, a tela “O juramento de Luís XIII” foi a principal atração do Salão de Paris, o que motivou Ingres a retornar à França. Ingres foi oficializado, então, como pintor oficial da monarquia.
Em 1825, Ingres recebeu a comenda da Legião de Honra e, no ano seguinte, tornou-se professor da Escola de Belas-Artes.
Em 1827, Ingres fez uma série de pinturas para o teto do Museu do Louvre, “A apoteose de Homero”.
Ingres teve longa carreira e sua tela atualmente mais famosa talvez seja “O banho turco”, pintada em 1862, onde o pintor “resume” todo o seu estilo, com inúmeras mulheres nuas. Acredita-se que Ingres tenha levado dez anos para concluir a obra.
Jean-Auguste Dominique Ingres morreu em 1867, em Paris, com 86 anos.
PIERRE-AUGUSTE RENOIR
Pierre-Auguste Renoir nasceu em 1841, em Limonges, na França.
Ao lado de Claude Monet (1840 – 1926), Pierre-Auguste Renoir é um dos maiores nomes do Impressionismo.
Pierre-Auguste Renoir primeiramente foi pintor de cerâmicas. Com o dinheiro que conseguia, pagava aulas de Arte. Nestas aulas foi que Pierre-Auguste Renoir conheceu os franceses Claude Monet, Alfred Sisley (1839 – 1899) e Frédéric Bazille (1841 – 1870), que o apresentariam ao novo movimento.
Por outro lado, Pierre-Auguste Renoir inegavelmente tinha uma queda pelo Academicismo, tendo conseguido ser aceito na Escola de Belas-Artes em 1862. Logo Pierre-Auguste Renoir estava expondo no oficial Salão de Paris. Mas Pierre-Auguste Renoir acabou por destruir seus primeiros trabalhos. “Mulher com sombrinha”, de 1867, retratava sua namorada da época, e inovava por ter sido feito em plein-air, isto é, ao ar livre.
Pierre-Auguste Renoir e Claude Monet se tornaram grandes amigos e frequentemente pintavam juntos. A série conjunta mais famosa foi “La Grenouillère”, em 1869.
Pierre-Auguste Renoir lutou na Guerra Franco-Prussiana, que durou apenas de 1870 a 1871, mas foi suficiente para tirar a vida de Frédéric Bazille.
Apesar de ser considerado um mestre do Impressionismo, Pierre-Auguste Renoir participou de apenas de quatro das oito mostras que hoje são chamadas de “Mostras Impressionistas”, que ocorreram de 1874 a 1886.
Já famoso (e com dinheiro) Pierre-Auguste Renoir acabaria por se afastar do movimento, voltando-se para o Classicismo do século XVII, paixão antiga. Não que Pierre-Auguste Renoir tenha abandonado por completo o Impressionismo, mas apenas fundiu as duas escolas, obtendo, assim, maior controle do traço.
Pierre-Auguste Renoir, no início da velhice, começou a sofrer muito com a artrite. Mudando-se para o Sul da França, em busca de maior tranquilidade e reabilitação, Pierre-Auguste Renoir não conseguiu parar de pintar: amarrava o pincel ao braço e criou obras que, mesmo feitas assim, ainda são notáveis.
Pierre-Auguste Renoir morreu em 1919, com 78 anos.
Pierre-Auguste Renoir teve três filhos com Aline Renoir. Dois deles, Pierre Renoir e Jean Renoir, lutaram na Primeira Guerra Mundial (1914 – 1919), onde foram feridos.
Pierre Renoir se tornaria ator de cinema e Jean Renoir, diretor, tendo inclusive ganhado um Oscar, em 1945, por “Semente do ódio” (L’Homme du Sud).
HENRI DE TOULOUSE-LAUTREC
Às vezes chamado apenas de Lautrec, às vezes de Toulouse-Lautrec, o fato é que Henri Marie de Toulouse-Lautrec, nascido em 1864, no interior da França, é uma das figuras mais pitorescas da História da Pintura.
Além de Toulouse-Lautrec ser o pintor da vida boêmia da Paris do final do século XIX, vida que conhecia muito bem, o pintor, em si, já era uma figura peculiar pois, quando criança, sofrera um acidente que lhe quebrara as duas pernas, que então não cresceram, enquanto o restante do corpo se desenvolveu normalmente. Toulouse-Lautrec atingiu apenas 1,52 metros e, como se não bastasse, falava trocando o “s” pelo “t”…
Assim o próprio Toulouse-Lautrec era alvo de várias caricaturas. (No filme “Van Gogh”, de Maurice Pialat, por exemplo, há uma cena em que o pintor holandês Vincent van Gogh [1853 – 1890] e seu irmão marchand Théo imitam Toulouse-Lautrec.)
Toulouse-Lautrec nasceu em Albi, perto da cidade de Toulouse. Toulouse-Lautrec era filho de um conde rico e excêntrico, que pagou para que o filho, que desde cedo mostrara desejo de ser artista, estudasse em Paris, onde também lhe alugou um ateliê.
No bairro boêmio de Montmartre, Toulouse-Lautrec era presença constante nos cabarés, como o famoso Moulin Rouge. Toulouse-Lautrec dormia com as prostitutas e de várias se tornou amigo – diziam as más línguas que Toulouse-Lautrec amava tanto as prostituas porque elas seriam as únicas mulheres que o aceitariam. Toulouse-Lautrec desenhava cartazes para seus locais favoritos e usou várias das dançarinas como modelo. Toulouse-Lautrec era grande artista gráfico, mas chegou a fazer até litografias.
Nas obras de Toulouse-Lautrec veremos uma visão alegre dos cabarés, com cenas que vão da ternura ao lesbianismo, como em “O beijo” (de 1892). Por conta das obras de Toulouse-Lautrec, o nome de dançarinas como Jane Avril se imortalizou.
A parte mais expressiva de seu trabalho foi feita sobre papel-cartão, com uma mistura de guache e têmpera (ou com uma tinta a óleo especial).
Toulouse-Lautrec chegou a orientar, artisticamente, sua modelo e amante Suzanne Valadon (na verdade, Marie-Clémentine Valade, 1867 – 1938).
A vida boêmia cobrou um preço alto de Toulouse-Lautrec, como era de se esperar: alcoolismo, sífilis… e períodos de depressão.
Toulouse-Lautrec morreu em 1901, com apenas 36 anos.
ROBERT DELAUNAY
Robert-Victor-Félix Delaunay nasceu em 1885, em Paris, França.
Robert Delaunay, no começo de sua vida adulta, trabalhou como cenógrafo. Porém, por volta dos 20 anos Robert Delaunay se bandeou para a Pintura.
Sua primeira influência foi o pós-impressionismo do também francês Paul Cézanne (1839 – 1906).
Posteriormente, seu trabalho lembraria mais o do suíço Paul Klee (1879 – 1940).
De 1904 até a Primeira Guerra Mundial, Robert Delaunay expôs no Salão dos Independentes.
Em 1909, Robert Delaunay começou a executar uma série de quadros retratando a Torre Eiffel, coleção que se tornaria famosa. Nestas telas, Robert Delaunay fez várias experiências com variações de cores. A Torre Eiffel havia sido erigida apenas em 1889 e era um dos grandes símbolos da tecnologia e da modernidade.
As telas de Robert Delaunay são caracterizadas por tons fortes e estudos sobre a profundidade, com pontos-de-fuga múltiplos.
Em 1910, Robert Delaunay se casou com a também pintora francesa, judia, Sonia Terk (1885 – 1979) – que passaria a ser chamada de Sonia Delaunay. O casal Delaunay trabalharia junto em vários projetos.
O russo Wassily Kandinsky (1866 – 1944), talvez o primeiro pintor a fazer telas totalmente abstratas, convidou Robert Delaunay a entrar para o seu grupo “O Cavaleiro Azul” (“Der Blaue Reiter”), radicado em Munique (Alemanha).
Robert Delaunay se tornou, então, o primeiro pintor francês totalmente abstrato. Guillaume Apollinaire (1880 – 1918), poeta e crítico de Arte italiano que vivia na França, batizou o estilo de Robert Delaunay de “Orfismo”, em referência a Orfeu (na Mitologia Grega, o músico supremo), pois via semelhanças entre o Abstracionismo e a Música.
Durante a Primeira Guerra Mundial, os Delaunay criaram cenários para a Ballets Russes, uma companhia de dança.
Após, Robert Delaunay voltou a seus estudos sobre a Torre Eiffel…
Em 1925, Robert Delaunay criou murais para a Exposição Internacional de Artes Decorativas. Em 1937, decorou a Exposição Internacional Dedicada à Arte e à Tecnologia da Vida Moderna.
As últimas obras que fez foram para o Salão das Esculturas do Salon des Tuileries.
Robert Delaunay morreu em 1941, com 56 anos.