Neste texto, conheça a vida (biografia) e obras dos dois maiores artistas americanos do século 20, Jackson Pollock e Andy Warhol.
JACKSON POLLOCK
Paul Jackson Pollock nasceu em 1912, no interior dos Estados Unidos.
Jackson Pollock e Andy Warhol (1928 – 1987) são os dois maiores nomes (atualmente, já que a História da Arte permite revisões) das Artes Plásticas dos Estados Unidos do século XX. Talvez de toda a História da Arte Americana. Não que sejam os dois “melhores” artistas que os Estados Unidos produziu. O sucesso mundial de Jackson Pollock e de Andy Warhol deve muitíssimo à ascensão do país natal destes dois à condição de protagonista econômico mundial, após as duas Guerras Mundiais. A História da Arte deve muito à História Econômica Mundial.
Enquanto Andy Warhol é o maior nome da Pop Art, Jackson Pollock seguiu o caminho do Abstracionismo.
Em 1928, com 16 anos, Jackson Pollock entrou na Escola de Artes Manuais de Los Angeles, onde o pintor Frederick Schwankovsky (1885 – 1974) o apresentou à Sociedade Teosófica (que estudava religiões orientais e mediunidade).
As idéias da Teosofia influenciariam a obra de Jackson Pollock no início de sua carreira.
Jackson Pollock mudou-se para Nova Iorque, e matriculou-se na Liga dos Estudantes de Arte. Na Liga, Jackson Pollock estudou com Thomas Hart Benton (1889 -1975).
Durante a Grande Depressão (crise que se seguiu após a Quebra da Bolsa de Nova Iorque, em 1929), Jackson Pollock trabalhou para O Projeto Federal de Arte, como pintor. Nesta época, Jackson Pollock ainda pintava cenas figurativas, paisagens do Oeste.
Em uma palestra dada pelo muralista mexicano David Alfaro Siqueiros (1886 – 1974), Jackson Pollock tomou contato tintas diferentes e, melhor ainda, com técnicas novas, como o borrifamento da tinta, ou de areia, sobre a tela (sim, na Arte há incrementos; raramente invenção pura).
Jackson Pollock tinha crises depressivas e abusava do consumo de álcool. Em 1937, Jackson Pollock internou-se por quatro meses em uma clínica psiquiátrica, onde foi apresentado à análise junguiana.
Após esta época, Jackson Pollock começou a adentrar a Abstração.
Por volta de 1944, Jackson Pollock fez sua primeira obra monumental, não por acaso chamada “Mural”, onde se nota uma busca da representação de elementos subconscientes.
Em 1945, Jackson Pollock casou-se com a também artista Lee Krasner (1908 – 1984), quatro anos mais velha que ele. O casal comprou terras no interior, onde Jackson Pollock transformou um celeiro em ateliê.
Dispondo de muito espaço, Jackson Pollock poderia trabalhar em telas enormes, as quais abria no chão, postava-se do lado ou mesmo caminhava sobre elas, enchia de tinta uma lata furada e saía respingando a tela. Às vezes, utilizava um bastão para jogar a tinta da lata à tela (como vira nativos fazerem, com areia). Outras vezes, jogava a tinta direto da lata até a superfície da tela.
O método ficou conhecido como action painting (cuja tradução – ruim – poderia ser “pintar agindo”).
Apesar da aparência simples do método, Jackson Pollock poderia levar até semanas para concluir uma tela, até que sentisse-se satisfeito com o resultado.
Jackson Pollock disse que acreditava que a sua Pintura tinha vida própria, mas que o resultado final dependia dele.
Entre 1947 e 1951 Jackson Pollock criou a série que o tornaria famoso, até mesmo internacionalmente. Fama para o bem e para o mal. A revista Time, americana, o apelidou de “Jack, o Gotejador”. Outros críticos, entretanto, o aclamaram – estava na hora de os Estados Unidos terem um ídolo nas Artes…Clement Greenberg chamou Jackson Pollock de “o mais vigoroso pintor da América contemporânea”.
Em 1950, um fotógrafo alemão (Hans Namuth) quis fotografar Pollock trabalhando. Jackson Pollock, incentivado por Lee Krasner, consentiu. Mas a última tela já estava pronta – porém, Jackson Pollock buscou mais tinta e jogou sobre a tela, dançando sobre ela. Namuth teve a idéia de um documentário, filmando o trabalho do artista, colocando a câmera sob um grande vidro, com Jackson Pollock pintando este vidro como se fosse uma tela (há um filme, feito de maneira parecida, que mostra o espanhol Pablo Picasso [1881 – 1973] trabalhando).
Jackson Pollock, que dizia prezar as manifestações do subconsciente, começou a se sentir mal com esta “farsa”, já que estava sendo induzido a trabalhar. Uma noite, ainda durante a realização do documentário, Jackson Pollock bebeu uns tragos e, alterado, virou uma mesa e, com alguns convidados em casa, gritou a Namuth: “Não sou um impostor!”.
Jackson Pollock morreu em 1956, em um acidente de carro – tinha apenas 44 anos (embora sua fisionomia aparentasse bem mais).
ANDY WARHOL
Andrew Varchola, mais conhecido como Andy Warhol, nasceu em 1928, nos Estados Unidos.
Andy Warhol talvez seja o artista mais famoso da segunda metade do século XX, sendo o grande ícone da Pop Art – que tem em seus quadros principais também o também americano Roy Lichtenstein (1923 – 1997). Não é por acaso que no país da cultura de massas esta vertente da Arte tenha atingido seu apogeu.
Andy Warhol se formou em design gráfico e começou sua carreira como artista comercial, tendo sucesso como ilustrador, ainda nos anos 1950, criando material publicitário para empresas como uma fábrica de sapato.
Andy Warhol também ilustrava livros e criava cenários, nesta época.
Em 1956, uma obra de Andy Warhol foi incluída numa exposição coletiva no MoMA, de Nova Iorque.
No início da década de 1960, Andy Warhol começou a explorar a Pintura, usando como inspiração quadrinhos de Popeye e do Super-Homem.
Na primeira exposição importante de Andy Warhol, lá estavam suas hoje muito famosas latas de sopa Campbell’s (1962).
Andy Warhol trabalhou também com a imagem de ícones populares, manipulando retratos de Marilyn Monroe (1962), Elvis Presley (1963), Jackie Kennedy (1964) – após o assassinato do marido desta, o presidente John Kennedy – etc.
Em 1964 ainda, produziu a imagem de cores vivas de uma cadeira elétrica. Reproduziria, ainda, em suas obras, desastres, protestos raciais (cães da Polícia atacando os manifestantes) etc. Disse uma vez Andy Warhol: “Receio que, se olharmos para um objeto o bastante, ele acabará perdendo o sentido.”.
Andy Warhol trabalhava no estúdio chamado The Factory, onde também organizava várias festas. Um dia, em 1968, saindo de The Factory com um assistente e com um crítico, os três foram alvos para vários tiros disparados por Valerie Solanas, prostituta pobre e feminista radical, autora de um manifesto (SCUM – Society for Cutting Up Men) onde prega as virtudes de um mundo sem homens. Andy Warhol já conhecia Valerie Solanas: após ser apresentada a ele, ela lhe pedira que produzisse sua peça “Up your ass” (“Levante sua bunda”). Andy Warhol recusou-se e não devolveu o texto a ela, que começou a persegui-lo. Para tentar acalmá-la, Andy Warhol ofereceu-lhe um papel em um filme que fazia, “I, A Man” (1968) – Andy Warhol já realizava filmes de vanguarda há algum tempo. Não foi suficiente, e houve o atentado. Valerie Solanas se entregou á Polícia e afirmou que Andy Warhol tinha “controle demais” sobre sua vida. (Em 1980, Mark Chapman foi mais feliz na mira: matou o o mega-famoso cantor John Lennon, também nos Estados Unidos.)
Em outra ocasião, um desconhecido entrou no The Factory e disparou para o alto. Outra vez, durante uma das loucas festas organizadas por Andy Warhol na The Factory, a atriz Dorothy Ponder atirou numa pilha de quatro retratos de Marilyn Monroe. Andy Warhol achou ruim? Que nada, histórias são valores agregados às obras, que vêem seus preços se elevarem…
Em 1969, Andy Warhol fundou uma revista, “Interview”, que tratava do mundo do entretenimento.
Nos anos 1970, Andy Warhol produziu retratos coloridos do líder chinês Mao-Tsé Tung – e serigrafias encomendadas por subcelebridades que queriam tornar-se celebridades…
Na década de 1980, Andy Warhol foi patrono para artistas como o grafiteiro americano Jean-Michel Basquiat (1960 – 1988). Andy Warhol, nesta época, também pintou cifrões (1982)…
Além dos filmes, das serigrafias, Andy Warhol também produziu o hoje cultuado disco de estréia da banda Velvet Underground.
Andy Warhol, inegavelmente, foi o grande responsável por trazer o cotidiano popular para a Arte.
O que suas obras desejavam dizer? Segundo alguns especialistas, na obra de Andy Warhol há:
– crítica à overdose de produtos de consumo;
– crítica ao culto às celebridades;
– crítica à fugacidade da fama;
– críticas (ou “diálogos politizados”) sobre a pena de morte;
– críticas à discriminação contra as minorias;
– a lembrança da brevidade da vida;
– críticas ao inflacionado mercado de Arte;
– críticas à ideia de autoria;
– críticas à própria ideia de Arte;
– etc.
Tudo muito bem, tudo muito bom, se o próprio Andy Warhol não fosse extremamente desejoso de ser esta celebridade… Obviamente, até hoje há quem acuse Andy Warhol de ser, portanto, um enorme impostor, fazendo críticas de fachada, obtendo atenção, enriquecendo-se e divertindo-se às custas dos que compravam suas mentiras – que, afinal, seriam tão fúteis quanto o próprio Andy Warhol. Tão fúteis mas tão espertos quanto, pois sempre é possível passar a mentira (a obra de Andy Warhol) adiante por um valor ainda maior, pois, como disse o entertainer Phineas Tailor Barnum (1810 – 1871), bem antes de “No futuro todos serão famosos por quinze minutos”, a frase de Andy Warhol: “Nasce um idiota a cada segundo! É preciso reservar alguns presentinhos para eles…”
Andy Warhol era teatral, hiper-social (frequentando tanto a elite quanto o mundinho underground), e chegado em um autorretrato.
Andy Warhol morreu em 1987, com 58 anos.