Neste texto, conheça a vida (biografia) e obras de 4 dos pais do Arte Moderna: Edvard Munch, Piet Mondrian, Kasimir Malevich e Paul Klee.
EDVARD MUNCH
O pintor Edvard Munch nasceu no interior da Noruega, em 1863.
Edvard Munch é o autor de uma das obras mais conhecidas da História da Pintura, a tela “O grito”, feita em 1893. “O grito” é um dos grandes ícones do medo, do pânico, e, além de ser amplamente reproduzida, já foi alvo de diversas paródias.
Mas é uma injustiça com Edvard Munch reduzir o seu trabalho a “O grito”.
Edvard Munch foi criado em Oslo, capital da Noruega. Edvard Munch estudou na Academia Real de Arte e Desenho, com o pintor naturalista Christian Krohg (1852 – 1925).
Edvard Munch viajou pela França, Alemanha e Itália, e foi infuenciado pelos novos movimentos artísticos, como o Impressionismo e o Simbolismo. Entre as mais notáveis referências de Edvard Munch encontra-se o pintor holandês Vincent van Gogh (1853 – 1890). Ambos são considerados referências no Expressionismo e notaremos, nos trabalhos de Edvard Munch, as mesmas pinceladas grossas vistas em Vincent van Gogh.
Além disto, o sofrimento expresso nas obras de Vincent van Gogh é quase o mesmo das pinturas de Edvard Munch: os pais do pintor norueguês, um irmão e uma irmã, todos morreram quando ele era ainda muito jovem. Além disto, a doença mental afetaria ele e uma irmã. Explica-se, assim, o interesse de Edvard Munch por questões da mente – a nascente Psicanálise o atraiu.
Quadros como “A criança enferma”, de 1907, são bons exemplos da melancolia que afetaria a vida de Edvard Munch. O quadro torna-se mais mórbido ainda quando sabemos que a retratada é uma irmã de Edvard Munch, moribunda.
Edvard Munch começou a ganhar fama como pintor quando mostrou seu trabalho em uma exposição, em Berlim, Alemanha, em 1892. Sua tela “Amor e dor” (também conhecida como “O vampiro”) causou tanta polêmica que a mostra teve de ser fechada após uma semana.
Nesta mostra, Edvard Munch também mostrou as primeiras telas da série “O friso da vida: um poema sobre a vida, o amor e a morte”, série à qual Edvard Munch retornaria no decorrer de toda a sua vida.
Em 1908, Edvard Munch sofreu uma crise nervosa. Depois disto, algo paradoxalmente, a obra de Edvard Munch se tornou mais alegre, e ele começou a pintar mais a natureza.
Edvard Munch também fez trabalhos gráficos e ainda um conjunto de murais para a Universidade de Oslo.
Em 1916, Edvard Munch se mudou para Ekely, perto de Oslo, onde ficaria o restante de sua vida.
Edvard Munch morreu em 1944, com 80 anos.
PIET MONDRIAN
Pieter Cornelis Mondriaan, ou “Piet Mondrian”, nasceu na Holanda, em 1872.
Piet Mondrian é um dos nomes mais importantes da Arte Abstrata, embora não tenha sido o criador do movimento nem mesmo um dos pioneiros – suas famosas composições de quadrados em cores primárias surgem no início da década de 1920, enquanto considera-se que as primeiras obras abstratas tenham surgido no começo da década anterior.
É o caso de nos perguntarmos, então, de onde vem a fama de Piet Mondrian. Piet Mondrian não foi o primeiro, dissemos, mas, considerando-se a longevidade da Arte Abstrata, foi um dos primeiros, agora que o espaço de tempo para análise é bem maior. Além disto, devemos considerar que, no seu surgimento, a Arte Abstrata precisou ser bastante defendida. Tal defesa deveria vir, obviamente, com palavras, teorias. E Piet Mondrian contribuiu a esta defesa com a revista De Stijl (“O Estilo”), que fundou com o também pintor holandês Theo Van Doesburg (1883 – 1931). O Abstracionismo, em seus primórdios, era extremamente cerebral (talvez o oposto do que ocorra hoje…).
Por fim, mas não menos importante, não podemos nos esquecer… da própria obra de Piet Mondrian. A Pintura Abstrata pode causar reações ambíguas – podemos ser “contra” ela, mas, ao mesmo tempo, admitirmos que determinadas obras são esteticamente agradáveis. Gostando ou não das pinturas de Piet Mondrian, no mínimo admitiremos que são curiosas, engenhosas. E são facilmente reconhecíveis – Piet Mondriam desenvolveu, enfim, um estilo.
Mas seria tolice acreditarmos que Piet Mondrian desde o início pintou quadrados brancos e coloridos. No início de sua carreira, Piet Mondrian se deixou influenciar pelo Impressionismo e pelo Cubismo.
Obras como “Macieira em flor”, feita por volta de 1912, poderiam até ser vistas como abstratas, se não fosse o seu título – quando então enxergaremos claramente uma “macieira cubista”.
Antes de chegar às suas telas mais típicas, aí sim Piet Mondrian adentrou o Abstracionismo, com telas que provavelmente não reconheceríamos como do pintor holandês, como “Composição em azul, cinza e rosa”, de 1913.
Durante a Primeira Guerra Mundial, Piet Mondrian foi obrigado a permanecer na Holanda.
Na sua fase mais típica, o desejo de ordenar a realidade, oculta, presente em Piet Mondrian e em outros abstracionistas, atinge o seu objetivo.
Não há o que se “reclamar” de um quadro de Piet Mondrian. É harmonia e matemática pura.
Nas décadas seguintes, Piet Mondrian continuou pelo mesmo estilo, embora com variações: em determinada época as linhas pretas foram substituídas por quadrados coloridos (cores básicas, sempre; a loja de tintas que servia a Piet Mondrian devia ter um bom estoque de amarelo, azul, vermelho, preto e branco…). Estas pinturas antecipam a vida “pixelizada” que surgia com os computadores das décadas de 1970 e 1980.
Piet Mondrian morreu em Nova Iorque, Estados Unidos, em 1944, com 71 anos.
KASIMIR MALEVICH
Kasimir Severinovich Malevich nasceu em Kiev, atual Ucrânia, em 1878.
Com o perdão do trocadilho, poucos artistas podem ter causado mais malefício à Arte do que Malevich. Ou benefício – isto dependerá do ponto-de-vista do crítico. O que é indiscutível é que Kasimir Malevich radicalizou as tendências que a Arte Moderna apontava, no início do século, quando pintou telas como “Quadrado preto sobre fundo branco”, em 1913. Como o nome do quadro diz, trata-se simplemente de um quadrado negro, com uma borda branca. Se existe uma História da Morte da Arte, este quadro poderia ser o seu (anti-)clímax.
Foi em 1915 que Kasimir Malevich e mais cinco colegas lançaram o Suprematismo, movimento que pregava a supremacia “do puro sentimento” – na prática, supremacia da cor e das formas geométricas.
Antes do Suprematismo, Kasimir Malevich chegou a realizar obras mais figurativas, embora já inspirado por outras vanguardas européias. Com o Suprematismo, Kasimir Malevich se dedicou a pintar quadrados vermelhos, ou telas como “Composição suprematista: branco sobre branco” (1918).
Esta tela foi exposta pela primeira vez pendurada no alto de um canto, como se fosse uma imagem em uma igreja ortodoxa russa – Kasimir Malevich tinha especial apreço pela iconografia.
A intenção declarada de Kasimir Malevich era libertar a forma da “poça de lixo” da Arte Acadêmica. O Suprematismo seria “a arte pura da pintura”. Kasimir Malevich desprezava a ideia de Arte como fantasia.
Kasimir Malevich foi professor nos Estúdios de Belas Artes Livres de Moscou, no Instituto de Cultura Artística de Petrogrado e também na Escola de Arte Popular, em Vitebsk – nesta, a convite de Marc Chagall. Marc Chagall era um bielo-russo que já morava em Paris, mas com a com apoiava a Primeira Guerra Mundial (1914 – 1918) acabou tendo de permanecer na Rússia, onde estava apenas de passagem. Veio a Revolução Russa (1917) e Marc Chagall simpatizou com o movimento popular. Logo lhe foi oferecida a criação de uma escola de Arte na sua cidade natal, Vitebsk.
Mas Marc Chagall, com sue estilo livre, acabou criando antipatias entre os russos mais influentes, e Kasimir Malevich foi um dos que mais contribuiu para que Marc Chagall fosse expulso da direção da escola de Arte (quando pôde, Marc Chagall abandonou a Rússia para não mais voltar).
Por uma época, Kasimir Malevich se interessou por maquetes. Depois, retornou à Pintura e até a uma figuração rudimentar.
Kasimir Malevich morreu em 1935, com 57 anos.
Vários artistas já pintaram, após Kasimir Malevich, telas totalmente em branco. Sua obra também é considerada influência para artistas um pouco menos óbvios, como o francês Yves Klein (1928 – 1962) – que preferia o azul…
PAUL KLEE
Paul Klee nasceu no interior da Suíça, em 1879.
É difícil definir o estilo de Paul Klee, pois o pintor transitou por vários movimentos. De uma maneira geral, pode-se dizer que Paul Klee é principalmente um Abstracionista – embora até os Surrealistas tenham tentado puxá-lo para seu lado, sem sucesso.
Paul Klee se envolveu com vários grupos artísticos, como O cavaleiro Azul, Secessão de Munique, Quatro Azuis e a Escola Bauhaus. Mas sua passagem por cada um destes movimentos foi efêmera.
Dentro do Abstracionismo há divisões. Há os que trabalham de maneira mais caótica, como o americano Jackson Pollock (1912 – 1956) e os que trabalham de maneira mais organizada. Paul Klee pode ser incluído neste segundo grupo.
Paul Klee estudou na Academia de Belas-Artes de Munique (Alemanha).
Após uma viagem à Tunísia (continente africano) com os colegas artistas Louis Moilliet (1880 – 1962) e Auguste Macke (1887 – 1914), o primeiro suíço e o segundo alemão, Paul Klee retornou dizendo: “A cor e eu somos um só. Sou um pintor.”
Em “Cúpulas vermelhas e brancas”, de 1914, pode-se perceber a mescla de Abstracionismo e Figuração de Paul Klee.
O quadro foi inspirado pela viagem à Tunísia. Se não houvesse título, poderíamos até pensar se tratar de uma obra completamente abstrata. Mas, o título do quadro de Paul Klee nos faz enxergar as cúpulas dos templos religiosos que viu naquele país.
O interesse de Paul Klee pela música também influenciaria sua obra, como se vê já nos títulos de “Fuga em vermelho” (1921) e “Paisagem em lá maior” (1930). Como na música se busca a harmonia, Paul Klee buscava em suas telas este equilíbrio, uma ordem na aparente desordem (ou vice-versa).
Paul Klee escreveu vários artigos sobre Arte, sobre Pintura. Nestes textos, Paul Klee defende o auto-didatismo e a independência. Além disto, Paul Klee propunha que o principal valor de uma obra é o estético, e não o tema ou a mensagem.
Paul Klee também atuava politicamente, estando ligado a várias organizações radicais de artistas. Com a ascensão do Partido Nazista na Alemanha, foi expulso da Escola Bauhaus por supostamente ser judeu – embora não fosse. Mais de 100 obras suas foram confiscadas, de vários acervos. Assim, Paul Klee, temendo por sua segurança, acabou por fugir da Alemanha.
Paul Klee morreu em 1940, na sua Suíça natal, com 60 anos.
FRASES DE PAUL KLEE
“Para pintar bem basta fazer isto: colocar a cor certa no lugar certo.”
“Uma linha surge do nada. Ela sai para caminhar, por assim dizer, sem rumo, apenas pela vontade de caminhar.”
“A natureza é eloquente a ponto de ser confusa. Cabe ao artista silenciar e ser ordeiro.”