Neste texto, conheça a vida (biografia) e obras de quatro dos pintores franceses famosos mais famosos da História da Arte: Nicolas Poussin, Camille Pissarro, Odilon Redon e Fernand Léger.
NICOLAS POUSSIN
Nicolas Poussin nasceu no interior da França, em 1594, em uma família humilde.
Em 1612, Nicolas Poussin mudou-se para Paris, com o intuito de virar artista. Nicolas Poussin passou mais de uma década na capital francesa sobrevivendo com dificuldades.
Em 1624, finalmente, Nicolas Poussin mudou-se para a capital italiana, Roma, para ver se os ares mudavam. Em Roma, Nicolas Poussin estudou os mestres do Renascimento, e conseguiu ser patrocinado por um cardeal, Francesco Barberini, sobrinho do Papa Urbano VIII.
Logo Nicolas Poussin tornou-se amigo dos intelectuais romanos.
Embora a primeira metade do século XVII, época em que Nicolas Poussin trabalhava, tenha ficado conhecida como a época do Barroco, estilo plenamente desenvolvido pelo flamengo (nascido na região da atual Alemanha) Peter Paul Rubens (1577 – 1640), que inclusive passara um tempo em Roma, mesmo assim Nicolas Poussin obteve sucesso – e suas pinturas são consideradas precursoras do Classicismo – isto é, um retorno a paradigmas do Renascimento, que remete à Roma Antiga, que remete à Antiga Grécia. Lembremo-nos que, após o Alto Renascimento (início do século XVI) a Arte se degenerava em imitações de estilo bem-intencionadas mas não tão bem-feitas, o Maneirismo.
Nicolas Poussin recebeu encomendas para vários retábulos, mas prazer parecia mesmo encontrar era na realização de telas menores, com temas bíblicos, mitológicos e históricos.
A grande especialidade de Nicolas Poussin era a composição da telas, a harmonia geométrica com que dispunha os personagens no quadro – sem que com isto parecessem “forçadas”, o que é ainda mais difícil. Além disto, Nicolas Poussin era hábil em desenhar movimentos corporais. Suas telas eram, neste sentido, “instantâneos” de alguma cena.
“Uma dança para a música do tempo”, concluída por volta de 1636, é uma das telas mais famosas de Nicolas Poussin.
Nesta tela se nota o quanto o estilo de Nicolas Poussin se difere do de Peter Paul Rubens, que abusava da dispersão das cores. Nicolas Poussin era muito mais contido, muito mais sóbrio.
Para realizar estas telas, Nicolas Poussin montava um pequeno “teatro”, com modelos de cera, onde estudava a composição.
Já famoso, muito se insistiu para que Nicolas Poussin voltasse à França. Com alguma relutância, Nicolas Poussin voltou para seu país natal em 1640. No ano seguinte, o rei francês Luís XIII fez de Nicolas Poussin o primeiro pintor real.
Nada disto foi suficiente para curar Nicolas Poussin da nostalgia de Roma – em 1642, então, Nicolas Poussin voltou para a capital italiana e lá permaneceu até sua morte.
Nicolas Poussin morreu em 1665, com 71 anos.
Alguns anos após sua morte, entre 1672 e 1678, críticos realizaram uma série de debates para estabelecer qual escola era mais importante, se o “poussinismo” ou o “rubenismo”. Independentemente de quem tenha saído vencedor no debate, o nome dos dois já começavam a imortalizar-se.
CAMILLE PISSARRO
Jacob-Abraham-Camille Pissarro, ou simplesmente Camille Pissarro, nasceu nas Ilhas Virgens Americanas, em 1830.
A tela que deu nome (pejorativo, a princípio) ao Impressionismo, “Impressão, nascer do sol”, por feita por Claude Monet (1840 – 1926), por volta de 1873. Quanto a isto não há dúvidas. Entretanto, há uma certa controvérsia sobre o real pai do Impressionismo. Para alguns, seria mesmo Claude Monet, pelo fato acima, por ser o mais famoso… Para outros, entretanto, seria o pouco conhecido Camille Pissarro.
Camille Pissarro teve um papel fundamental no Impressionismo porque foi o orientador de vários jovens artistas.
Camille Pissarro estudou na Escola de Belas-Artes e na Academia Suíça. Teve como professores gente graúda como Camille Corot (1796 – 1875) e Gustave Courbet (1819 – 1877). Na Academia Suíça, conheceu gente como Édouard Manet (1832 – 1883) e Paul Cézanne (1839 – 1906).
Camille Corot estimulou Camille Pissarro a pintar a natureza. As primeiras paisagens de Camille Pissarro foram muito elogiadas pelo escritor Émile Zola (1840 – 1902) e por outros críticos, mas receberam pouca atenção do público.
Durante a década de 1860, as telas de Camille Pissarro encontraram espaço no Salão de Paris. Porém, ao mesmo tempo, expôs com Édouard Manet, o americano James McNeill Whistler (1834 – 1903) e outros no “Salon des Refusés” (Salão dos Recusados), em 1863.
No final desta década, Camille Pissarro já era um nome forte entre os impressionistas (embora eles ainda não tivessem este apelido), e organizava as mostras do grupo. Acabou servindo de professor a Paul Cézanne e também a Paul Gauguin (1848 – 1903) – que se refeririam a Camille Pissarro, mesmo quando já tinham alcançado certo sucesso, como “mestre”.
Mas os colegas também influenciaram Camille Pissarro, como Claude Monet com seus estudos sobre as variações de luz no decorrer do dia, ou Georges Seurat (1859 – 1891) com o Pontilhismo. Camille Pissarro também admirava a dedicação ao social de artistas como Jean-François Millet (1814 – 1875).
Durante curta a Guerra Franco-Prussiana (1870 – 1871), Camille Pissarro foi para Londres, onde conheceu Paul Durand-Ruel, um negociante parisiense que se tornou um grande incentivador dos impressionistas.
Nesta década, trabalharia com Claude Monet, Pierre-Auguste Renoir (1841 – 1919) e Alfred Sisley (1839 – 1899), suavizando as pinceladas e avivando as cores destes.
Mais adiante, problemas de visão (que também afetariam Claude Monet) impediram Camille Pissarro de continuar pintando ao ar livre. Camille Pissarro passou a pintar o que via pelas janelas.
Camille Pissarro morreu em 1903, com 73 anos, em Paris.
ODILON REDON
Odilon Redon Nasceu em Bordeaux, na França, em 1840.
Odilon Redon começou a estudar desenho aos 15 anos. Por pressão do pai, entretanto, Odilon Redon iniciou os estudos em Arquitetura, mas logo percebeu que não queria levá-los adiante.
Em sua cidade natal, Odilon Redon tornou-se escultor, gravador e litógrafo.
Odilon Redon lutou na Guerra Franco-Prussiana (1870 – 1871).
Após a guerra, Odilon Redon mudou-se para Paris, capital francesa, onde fazia litogravuras e desenhos a carvão, fazendo desenhos de plantas e criaturas bizarras, inspirado na obra do escritor americano Edgar Allan Poe (1809 – 1849).
Odilon Redon permaneceu um artista desconhecido até a publicação, em 1884 do livro “À rebours” (Às avessas), de Joris-Karl Huysmans (1848 – 1907), que também era crítico de Arte. No livro de Huysmans, o personagem principal é um aristocrata que, entre outros hábitos, colecionava desenhos de Odilon Redon.
Odilon Redon passou por uma crise existencial religiosa no início da década de 1890 e em 1894, caiu muito doente.
Após estes fatos, a obra de Odilon Redon, paradoxalmente, tornou-se muito mais alegre.
Odilon Redon tinha em seu repertório cenas mitológicas, anjos, monstros de um olho só, aranhas com cabeça humana, flores em cores muito vivas… – usando a técnica do pastel e da tinta a óleo.
“Como música, meus desenhos nos transportam para o mundo ambíguo do indeterminado.”, disse Odilon Redon sobre suas obras.
Odilon Redon, em Paris, viu as novas tendências surgirem, como o Impressionismo, mas passou por elas com certa indiferença, trilhando um caminho quase solitário. Posteriormente, o estilo de Odilon Redon seria classificado como “Simbolismo”, pela predileção pelo mistério e pela fantasia.
Em 1899, Odilon Redon exibiu seus trabalhos junto com o grupo dos Nabis (“Profetas”, em hebraico), grupo algo secreto de curta duração.
Em 1903, Odilon Redon recebeu a Legião de Honra, mais alta comenda francesa.
Em 1913, foi publicado um livro com águas-fortes e litografuras de Odilon Redon e, neste ano ainda, Odilon Redon foi agraciado com uma exposição individual no Armory Show, em Nova Iorque, Estados Unidos.
Odilon Redon morreu em 1916, em Paris, com 76 anos.
A obra de Odilon Redon exerceria uma influência sobre vários artistas, inclusive sobre os Surrealistas, surgidos na década de 1920, que buscavam transportar sonhos para as telas e viram na obra do francês este objetivo.
FERNAND LÉGER
Joseph Fernand Henri Léger, chamando habitualmente de Fernand Léger, ou simplesmente Léger, nasceu no interior da França, em 1881.
Na adolescência, Fernand Léger trabalhou como aprendiz de arquiteto. Já em Paris, exerceu a função de desenhista arquitetônico. Na terceira década de vida, já estava pintando. A princípio, como os impressionistas. Porém, em 1907, uma exposição póstuma de Paul Cézanne o influenciou muito – exposição, por sinal, que influenciou muita gente, conta-nos a História da Pintura, embora os fatos possam ter sido distorcidos pelo tempo; o espanhol Pablo Picasso (1881 – 1973), que morava em Paris, é outro cujo nome sempre é ligado a esta exposição de Paul Cézanne…
Fernand Léger logo tornou-se amigo de artistas de vanguarda como o francês Robert Delaunay (1885 – 1941) e o bielo-russo Marc Chagall (1887 – 1985). Conhecendo também o Cubismo de Pablo Picasso e do francês Georges Braque (1882 – 1963), Fernand Léger chegou a seu próprio estilo, que foi apelidado, num ótimo trocadilho, de “Tubismo”.
Fernand Léger efetivamente concentrou-se nos tubos, que compunham tanto pessoas quanto máquinas. Fernand Léger, portanto, de todos os artistas citados acima, talvez tenha sido o que tenha levado mais a sério a recomendação de Paul Cézanne, de que a Pintura deveria ser decomposta em suas formas mais básicas: cilindros, cones, cubos etc. Fernand Léger escolheu os tubos cilíndricos e foi adiante…
Chegou a Primeira Guerra Mundial (1914 – 1918) e Fernand Léger foi com o Exército Francês. Na Guerra, Fernand Léger continuava a desenhar: agora, canhões e aviões. Mas também lá teve um contato mais próximo com pessoas mais comuns, o que influenciaria sua futura obra.
“Soldados jogando cartas”, de 1917, é, segundo Fernand Léger, “a primeira tela na qual eu intencionalmente me inspirei no meu próprio tempo”.
Após a Primeira Guerra Mundial, Fernand Léger entrou na chamada “Fase Mecânica”, produzindo telas que representavam grandes e enigmáticas máquinas. Os personagens também adquiriram um aspecto robotizado.
Na década de 1920, Fernand Léger tornou-se amigo do arquiteto e pintor francês apelidado “Le Corbusier” (1887 – 1965) e outros ligados a um estilo purista. Fernand Léger passou a pintar enormes áreas monocromáticas, bem definidas.
Durante a Segunda Guerra Mundial (1939 – 1945), Fernand Léger foi para os Estados Unidos, onde deu aulas na Universidade de Yale e pintou pessoas: acrobatas, músicos, ciclistas etc. Mas Fernand Léger não conseguia abandonar as máquinas e pintou os instrumentos abandonados que viu nos campos.
Fernand Léger voltou para a França em 1945, logo após o fim da Segunda Guerra.
Daí em diante, Fernand Léger fez diversos tipos de trabalhos, como ilustrações de livros, murais, vitrais e mosaicos, tapeçarias, esculturas, cenários e figurinos…
Fernand Léger morreu em 1955, com 76 anos.